O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, janeiro 08, 2002





O ANDRÓGINO EXISTE


(...)“O andrógino existe, e está presente em cada um de nós. Mas como podemos descrevê-lo? É como se as moléculas do nosso ser dançassem juntas sem se tocar. Para alguns, isso pode parecer uma ideia nova; para outros, é tão antiga quanto a dança mística do Homem-Mulher-Deus, Chiva, que actua no meio do círculo ígneo como o Destruidor daquilo que envelheceu e já foi preservado por tempo demais, rumo ao caos primordial do qual brotará sempre algo novo da sua criação.
Alguém poderia perguntar: e como nos tornamos andróginos? A resposta é que nós não nos tornamos andróginos; nós já somos andróginos. Basta sermos nós mesmos. Não é necessário aprender como. Isso pode parecer a coisa mais fácil do mundo mas, para uma sociedade que se tornou perita em manipular, forçar e condicionar a psique a adaptar-se a um mundo que aparentemente exige essa adaptação, talvez haja muito a desaprender no processo “. (...)

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SALVE ANDRÓGINO

Quem é este ser, senhora minha?
Teu pagem ou tua aia?
Porque te persegue como um cordeiro
E ruge como um leão?
Manda-lo embora e ele não vai?...

Que quereis que faça, senhor?
É um anjo da guarda que eu torturo por vezes,
Que desmaia de me ver e morre de me amar!

Mas porque nos segue os passos
E nunca nos deixa a sós?

Porque me ama acima do bem e do mal!

Posso mandar matá-lo...
Sim podeis, mas ele iria levar-me com ele...

Do Livro: “Mulher Incesto - Sonata e Prelúdio”


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“Quando as energias deixam de estar representadas ou de serem canais ”apropriados”, o cerne andrógino que todos nós seres humanos pssuímos poderá vir à tona e proporcionar-nos uma nova desenvoltura de estar no mundo e de estar connosco mesmos. A transferência de energia entre as constelações de contrários – seja entre o racional e o mitológico, o ego e o animus-anima, o Yin e o Yang, ou qualquer que seja a designação que usarmos para as energias Feminina e Masculina _ ou seja, deslocamento de energias outrora consideradas separada, irá ocorrer tão ràpidamente, tão suavemente, que a oscilaçao será pràticamente indiscernível. Teremos uma situação dinâmicano microcosmos, e as energias irão impulsionar activamente o organismo humano. Porém, visto da perspectiva do ser humano como um macrocosmos, haverá uma aparência de equilíbrio. Sem qualquer sentimento de disjunção, podemos ser ao mesmo tempo ternos e firmes, flexíveis e fortes, ambíguos e precisos, capazes de acalentar e de orientar, de doar e de receber. (...) Numa interacção andrógina, o indivíduo está ciente do funcionamento simultâneo do aspecto intuitivo (pelo qual é capaz de de apreender conjuntos inteiros) e do aspecto sensível (em que cada diminuto elemento de uma situação é vista em sua relação com a totalidade)”.
in “ Androgina: Rumo a uma Nova teoria da Sexualidade”

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CONJURO

Eu vos conjuro, filhas de Lesbos,
Pelos veados, pelas gazelas da cidade,
A que não acordeis nem desperteis o meu amor
Antes que ele o deseje livremente.

Eu vos conjuro, por serdes aquilo que não sois,
Correndo pelas noites com nomes falsos
Dando ouvidos aos guardas da cidade velha.

Eu vos conjuro, ó filhas sem mãe, pela imitação do pai
E traição da mulher em nome de qualquer direito ou lei!

Nem o perfume do Líbano, nem a poesia de Lesbos,
Nem Salomão ou Safo seriam ninguém,
Senão fosse a alma
A rainha e a senhora de todo o coração.


Do livro: “Mulher Incesto”

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Abandonai, Musas, o palácio de oiro,
aproximai-vos ainda ...
SAFO

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