O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, janeiro 15, 2002

uma ilha, com efeito, se encontrava diante
do estreito que vós chamais as colunas de Hércules.
Esta ilha era maior do que a Líbia e a Ásia juntas;
daí era possível aos navegadores de antigamente
a passagem para outras ilhas, e, dessas ilhas
para todo o continente situado em frente delas
o que rodeia esse mar longínguo, o verdadeiro mar


Platão ("Timeu")


DA SERPENTE E DOS CAMINHOS

“... Se como já apontámos este território que hoje é Portugal, tem a sua mais antiga referência literária na obra do escritor latino, Rufo Festo Avieno, a Ora Marítima, do século IV antes de Cristo,(...) e se esta primeira referência ao nosso território o designa com o nome de Ophiussa, como “terra de serpentes” e Saefes e Draganis como dois seus povos, e se numa passa passagem deste poema se cita o caso de que os Oestrimnios teriam sido expulsos daqui por uma invasão de serpentes – tudo apontará, entre símbolos, mito e história, através dum nome primevo dum território e de dois dos seus povos, como filhos ou adoradores da serpente, e por um acontecimento de sua existência colectiva, para a natureza ofídica deste território e sua humanidade. (...)”

in ”Da Serpente à Imaculada” de Dalila L.P. da Costa

“(...) Aliàs era já muito antigo o culto da serpente na Lusitânea, como o demonstrou Mendes Correia no seu trabalho sobre A Serpente, Totem da Lusitânea. À Lusitânea se chamou Ophiussa, a terra da serpente.

Como escreveu Pinharanda Gomes, a Serpente é o sinal remoto que nos introduz numa geneologia a divinis do povo lusitano e dos seus valores religiosos. A serpente apresenta como símbolo do conhecimento global _ a serpente enrolada, a boca tocando o rabo, denomina simbòlicamente o universo do saber, a unidade do ser. (...) A serpente indica a gravidade e a esfericidade do universo, a saber de geonomia e o conhecimento dos elementos, patentes na simbólica da cruz celta.

Nos textos fragmentários que escreveu para o livro, nunca concluido, que se intitularia O CAMINHO DA SERPENTE, Fernando Pessoa disse que ELA (a serpente), liga os contrários verdadeiros, porque ao passo que os caminhos da direita, ou da esquerda, ou do meio, ela segue um caminho que passa por todos e não é nenhum. Ela é, acrescentou num apontamento nebuloso, na ordem material direita de Portugal. (...)

In “Portugal Razão e Mistério” de António Quadros

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