O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, junho 12, 2002



FINALMENTE!!!

Nunca imaginei sentir alguma emoção ao voltar a este espaço...Mas é um facto CURIOSO...Sinto-me não só emocionada como contente por retomar estas linhas ao sabor da minha necessidade...Sim, é a necessidade que aguça o engenho! Preciso de escrever como do ar que respiro...como uma segunda respiração, ao ritmo do coração. Onde quer que escreva, o sentido de tudo é o nosso coração inteligente, Sede de um Saber diferente e de um prazer cósmico, digo-vos muito superior ao orgasmo...
É preciso saber o SEGREDO.


OS SANTOS POPULARES

Hoje, ao descer do Castelo e passando pela Sé Velha tive de contornar ruas porque estava tudo apinhado de gente para ver as Noivas de Santo António, cuja cerimónia se realizava na Igreja de Santo António. Fiquei contrariada porque o que eu mais queria era chegar a casa e de repente apercebi-me de uma enorme e antiga antipatia por este santo casamenteiro. Imaginem, eu passo lá todos os dias a caminho do trabalho e nunca entrei nessa Igreja e olho de lado quando passo pela sua estátua do largo... É claro que eu não sou católica e na minha fidelidade pagã, este santo parece-me mais um travesti da Deusa Mãe...com o menino ao colo, como tudo a ficar só entre os homens, obra de sincretismo cristão que copiou as deusas pagãs tornando-as umas santas e outras putas...
Sim amanhã é dia do Santo e depois vem o São João e o São Pedro e as festas populares que antigamente eram festas pagãs e da Deusa Mãe e agora são cristãs...e masculinas.
Eu fundamentalista?
Não é verdade que se pudessem ainda me queimariam nas fogueiras por ser "bruxa" e hereje?


Quanto ao dia de Portugal e Camões...

Não houve poesia na rua nem evocação do poeta ou coisa que o valha, mas medalhas a políticos e discursos de circunstância, e a Selecção Nacional elevada ao maior grau de grandeza e importância colectiva em Portugal inteiro e nos países onde milhares de emigrantes choram com a nossa glória futebolística...O herói do dia foi Pauleta que marcou três golos...Ninguém se lembra do que é que Camões fala...
Eu estou triste que o Hino Nacional tenha sido usado para "levantar o esplendor de Portugal" na relva... pelos pés dos hérois da bola e com Figo por Dom Sebastião...
Há qualquer coisa de errado nesta globalização do mundo do futebol, nesta histeria colectiva de sentimentos tão básicos como raiva, euforia, alegria selvagem se ganhas ou ainda tristeza profunda ou ódio e destruição se perdes... Ah! não pensem que eu não senti o mesmo... é por isso que o digo, falo da minha experiência, mas preferia ter chorado de emoção com um poema de Camões ou de Pessoa...

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