O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, julho 05, 2002




AS NOTÍCIAS DE HOJE - 5 de Julho de 2002

Uma jovem professora foi condenada pelo tribunal(?!), no Paquistão, a ser violada por quatro homens, durante mais de uma hora, dentro de uma casa, e sem que publicamente (havia gente lá fora) ninguém fizesse nada e aplaudisse como se de um espectáculo se tratasse. A jovem não cometeu qualquer crime, mas sim o irmão que era acusado de ter relações com uma jovem de uma casta superior. Assim, foi escolhida pelo "tribunal", uma mulher da família para ser punida e não o próprio que, apesar de ter sido espancado violentamente ainda tiveram os irmãos da sua "vítima" violar a sua irmã que nada tinha com o assunto: temos assim a mulher como “bode expiatório” de uma sociedade de machos. Instigado pelos movimentos feministas internacionais e pela Imprensa, o Governo ofereceu um cheque à vítima...


Em Timor, onde a violência “doméstica” tem proporções dramáticas, a polícia “estrangeira” interveio num caso em que marido espancava a mulher ameaçando matá-la – uma polícia portuguesa comandava a operação internacional – mas o irmão da vítima defendia o cunhado contra a própria irmã, pois era um assunto particular...

Os homens são donos das mulheres e vendem-nas ou punem-nas arbitrariamente!

Perante estes factos – citados ambos no noticiário das 20 – nada mais me resta acrescentar à notícia. Apenas queria que reflectíssemos que no Mundo, em todo o mundo, as mulheres continuam a ser as vítimas em todos os sectores da sociedade de uma forma brutal ou subtil e que nós, as mulheres ditas evoluídas ou emancipadas não nos devíamos sentir em paz com a nossa consciência sem nada fazer como se tudo estivesse bem...

Em Portugal, o Governo não permite a actualização da lei de interrupção voluntária da gravidez, podendo, uma mulher que faz um aborto, ser condenada e presa, como aconteceu há relativamente pouco tempo. Diferente do Governo paquistanês, não deu nenhum cheque de “indemnização” às mulheres que foram julgadas por decidir da sua intimidade. Tudo isto, porque, de uma maneira ou doutra, os homens se julgam ainda todos donos das mulheres!

Devia haver de todas as formas possíveis e imaginárias manifestações e movimentos contra a violência e abuso da Mulher!

TODAS AS MULHERES DEVIAM SER SOLIDÁRIAS COM AS MULHERES DO MUNDO, PORQUE AS MULHERES SÃO SEMPRE AS PRIMEIRAS VÍTIMAS DA AGRESSÃO DO HOMEM, SEJA EM QUE CONTINENTE FÔR. Só depois vêm as crianças e os animais. Portanto, as mulheres, antes de qualquer outra causa, deviam lutar pela sua PRÓPRIA CAUSA e talvez assim o mundo mudasse a olhos vistos!

Não adiantou de nada no passado, nem adiantará no futuro, os povos do mundo unirem-se, mudarem regimes ou sistemas enquanto as mulheres não forem Senhoras de si mesmas!

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