O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, julho 12, 2002






CLARISSE LISPECTOR:

Não vejo no ponto a solidão.
Vejo só infinito


Y.K.Centeno - Reflexões



Não quero rosas, desde que haja rosas

Não quero rosas, desde que haja rosas.
Quero-as só quando não as possa haver.
Que hei-de fazer das coisas
Que qualquer mão pode colher?


Não quero a noite senão quando a aurora
A fez em ouro e azul se diluir.
O que a minha alma ignora
É isso que quero possuir.


Para quê?... Se o soubesse, não faria
Versos para dizer que inda o não sei.
Tenho a alma pobre e fria...
Ah, com que esmola a aquecerei?...


FERNANDO PESSOA



Máscaras

Cada vez que ponho uma máscara para esconder minha realidade,
fingindo ser o que não sou,
faço-o para atrair o outro e logo descubro que só atraio a outros mascarados
distanciando-me dos outros devido a um estorvo:
a máscara.
Faço-o para evitar que os outros vejam minhas debilidades
e logo descubro que,
ao não verem minha humanidade,
os outros não podem me querer pelo que sou, senão pela máscara.
Faço-o para preservar minhas amizades e logo descubro que,
quando perco um amigo,
por ter sido autêntico, realmente não era meu amigo, e, sim, da máscara.
Faço-o para evitar ofender alguém e ser diplomático
e logo descubro que aquilo que mais ofende às pessoas,
das quais quero ser mais íntimo, é a máscara.
Faço-o convencido de que é melhor que posso fazer para ser amado
e logo descubro o triste paradoxo; o que mais desejo obter
com minhas máscaras
é,
precisamente, o que não consigo com elas.

(Gilbert B. Lazan)


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