O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, julho 15, 2003



PASSA O TEMPO E PASSO EU


Passa o tempo e passo eu
passas tu solitária
anunciadora
de um destino que se agita
perigoso
entre o meu ser e o teu

Passo eu e passas tu
ambas silenciosas
como só nós

Tudo se apaga
nada sobrevive ao interior
desse espaço íntimo que nos liga
Nada é nosso
e em nós nada permanece
de alheio
à profundidade de ser
o que somos
Nenhuma história outra se tece
só essa ígnea rosa
farpada entumecida de ardor
desabrochada em desperdício gritante
como a rubra cólera
da vida por viver

Olhos solares Olhos lunares
vagabundos percorrem
ímpios
imprecisa rota

Passas tu passo eu

Será que passa algo
também
- sopro eco morte
estéril adiamento
murchar da rosa –
que não saibamos


Tessa Estate (1943 - 2001)




OS NOSSOS PARADOXOS




"O sofrimento pessoal começa quando somos crucificados entre dois opostos. Se tentarmos abraçar um sem pagar tributo ao outro, degradamos o paradoxo ao nível da contradição. Todavia ambos os lados dos pares de opostos devem merecer e ter igual mérito. O sofrer a nossa confusão é o primeiro passo para a cura. "(1)



(1) Sofrer em latim: sub plus ferre= suportar ou permitir


"Passar da oposição (sempre uma discórdia) para o paradoxo (sempre sagrado) é dar um salto de consciência. Esse salto transporta-nos através do caos da meia idade e dá-nos uma visão que ilumina os dias que nos restam."


In "OWNING YOUR OWN SHADOW"
Robert A. Johnson

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