O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, agosto 05, 2003

in “ Androgina: Rumo a uma Nova teoria da Sexualidade”



“Quando as energias deixam de estar representadas ou de serem canais ”apropriados”, o cerne andrógino que todos nós seres humanos pssuímos poderá vir à tona e proporcionar-nos uma nova desenvoltura de estar no mundo e de estar connosco mesmos. A transferência de energia entre as constelações de contrários – seja entre o racional e o mitológico, o ego e o animus-anima, o Yin e o Yang, ou qualquer que seja a designação que usarmos para as energias Feminina e Masculina _ ou seja, deslocamento de energias outrora consideradas separada, irá ocorrer tão ràpidamente, tão suavemente, que a oscilaçao será pràticamente indiscernível. Teremos uma situação dinâmicano microcosmos, e as energias irão impulsionar activamente o organismo humano. Porém, visto da perspectiva do ser humano como um macrocosmos, haverá uma aparência de equilíbrio. Sem qualquer sentimento de disjunção, podemos ser ao mesmo tempo ternos e firmes, flexíveis e fortes, ambíguos e precisos, capazes de acalentar e de orientar, de doar e de receber. (...) Numa interacção andrógina, o indivíduo está ciente do funcionamento simultâneo do aspecto intuitivo (pelo qual é capaz de de apreender conjuntos inteiros) e do aspecto sensível (em que cada diminuto elemento de uma situação é vista em sua relação com a totalidade)”.


JUNE SINGER





A LUTA DE PRINCÍPIOS E A SUA INTEGRAÇÃO



A luta de princípios que o ser humano reflecte na luta dos sexos é o próprio princípio da manifestação da matéria. Dai que toda a manifestação seja sexualizada: luta de opostos ou contrários, atracção e repulsão...e de que nós ainda somos escravos. Se equacionarmos isto com alguma simplicidade e naturalidade os problemas inerentes aos sexos e as suas variantes deixarão de Ter uma carga tão dramática ou pejorativa, deixarão de ser cavalos de batalha ou estandartes de guerra, porque o que está em questão é sempre o ser humano e a sua totalidade e não a sua divisão. O problema do Amor não está no sexo nem em saber qual é o sexo dos anjos...reside isso sim na integridade do indivíduo no caminho da “individuação”. As ambivalências e ambiguidades sexuais, as preferências de cada pessoa, seja qual for o sexo ou género de cada um, é secundário... porque só inteiro o ser se pode equacionar e saber quem é ou do que gosta e de quem gosta um ser humano que se rejeita a si próprio ou desconhece a sua verdadeira identidade? Digo que antes de amarmos quem quer que seja temos de nos amar a nós mesmos . Tudo se processa ao nível das essências e não das aparências. Falo como é óbvio do nosso ser inteiro e não da personalidade ou da máscara que usamos. O único imperativo do novo século é sem sombra de dúvida nem “pecado” uma questão de tomada de Consciência do que é indubitavelmente um Ser Humano! Não há solução de problemas sem primeiro passar por esta questão vital ou essencial, que é o ser humano em si como SER HUMANO.


(Excerto de um artigo publicado na E.D.)
R.L.P.

"O andrógino não tenta submergir as diferenças"


" O andrógino não tenta submergir as diferenças, pois reconhece que as polaridades existem no tempo linear,
mas que são ilusórias quando o tempo é concebido como cíclico e eterno.
O andrógino aceita os paradoxos, e os vive, sabendo que, como criatura finita,
muitas vezes não poderá ver além das aparentes contradições que nos assediam a cada passo.
Portanto o andrógino pode viver o presente imediato sem perder o senso de eternidade.

O andrógino pode também ter como centro um determinado lugar e, no entanto,
saber que esse lugar é um mero grão de pó num planeta que rodopia no espaço" (...)


June Singer "Androginia"


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