O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, outubro 01, 2003


Na Aurora Consurgens a mulher que surge também é a sabedoria de Deus e busca a sua morada entre os homens. É uma árvore da vida, uma luz que nunca se apaga. A sabedoria, para aquele que a encontra, é um alimento eterno. A mulher dá a vida, como a do outro texto que citámos, no Discours Philosophique.

Toda a dama cantada nestes termos - variados, opostos, não conciliáveis à primeira vista - está a ser espiritualizada e projectada numa dimensão que não é deste mundo. A mulher que o poeta sublima em belos e riquíssimos tesouros, com um corpo que se dilui ora nos elementos, ora em matérias tão subtis como a luz, esta mulher, que se "apura" nos poemas, faz esquecer a amante real que se deseja. Assim se justificam os os jogos de contrários, nos poetas. Como uma diversão (não um divertimento).


in "ALQUIMIA DO AMOR" - Y.K. Centeno

CAVALEIRO ERRANTE

Amo-vos tanto, Senhora minha,
mais do que nenhum cavaleiro errante
neste mundo jamais vos amou.

Amo-vos tanto, eterna dama,
tanto e mais como jamais
santo algum nesta vida vos adorou.

Amo-vos cada dia mais e mais, e tanto mais
quanto mais perto da minha alma estou.

Ah, amo-vos muito mais do que Dante
no inferno Beatriz amou,
mais do que Romeu amou Julieta,
que só por uma morte passou...

São tantas as minhas mortes por amor de vós
que nem Cristo por amor da humanidade,
tantas vezes ressuscitou...


in "Mulher Incesto - Sonata e Prelúdio"


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