O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, dezembro 14, 2003

"PARTES? PARTES?...NÃO, NÃO TE VAIS EMBORA. RETENHO-TE...
NAS MINHAS MÃOS DEIXASTE A TUA ALMA COMO SE FOSSE UM MANTO."

in FOGOS
Marguerite Yourcenar

O SEGREDO DA ESFINGIE...

“CHAMO POR TI E TU NÃO VENS...”

Queria poder dizer-te tanta coisa que me surge ao acaso...
coisas que se sonham contar em particular a um "tu"...
"e tu não estás... e tu não vens, e tu não és... "
(ou és apenas o fragmento que na ideia retenho do Adagio de Albinone...
que repercute a dor ancestral de se ser apenas só?)

Sim, tu não existes, nem fazes parte da minha realidade!
És quando muito sincronização de um sonho efémero ou mera ilusão.
Existes no meu imaginário ou no nosso inconsciente colectivo,
uma atávica memória, como um eco de mim em mim
ou do meu duplo, que eu necessito como de um reflexo, fora...

Não tens identidade tu: és eu mesma no avesso desta história...
Ah! a louca necessidade de um interlocutor ou de um espelho mágico!
Só porque os meus olhos te veriam a ti melhor do que a mim própria?

Que Mistério antigo, ou fantasia digo, a do amor que se reflecte
e em que o ser em si já não tem autonomia:
fica sempre preso ora do outro ora da sua grande nostalgia.
Amar é sempre um estranho equívoco de um cósmico jogo de espelhos...
Em que o ser humano joga a sua vida entre a comédia de si mesmo
e a tragédia dos enganos...


in "O NOVO TEMPLO DA DEUSA"
(a publicar...)

"ÉS O MEU PRÓXIMO? NÃO, TU ESTÁS PRÓXIMO.
LASTIMO-TE COMO A MIM MESMA."

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