O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, abril 19, 2004

“ANA A REVOLUCIONÁRIA DO SEXO”,

(PARA GÁUDIO DOS NOSSOS INTELECTUAIS E JORNALISTAS...)

E o orgulho macho e saloio de Ter uma “sindicalista do sexo” e que defende os “trabalhadores sexuais” e aparece ela própria em pose como profissional “stripper” e descrita tão machistamente quanto possível - “antropóloga portuguesa exibe a frescura feminina dos seus 28 anos, de lábios carnudos e formas modeladas por um par de calças de cabedal preto” e que prepara uma tese para doutoramento revolucionando os meios académicos...
(Qualquer dia ainda é convidada para deputada da Assembleia da República...)
in Grande Reportágem

ELA QUER TIRAR "A INDUSTRIA DO SEXO " DA OBSCURIDADE...e faz um part-time em Londres, como operadora de chamadas eróticas ela própria clamando à unidade de todos os trabalhadores sexuais do mundo...enquanto posa para pintores e estuda antrolpologia na Universidade!

Lamento, que esta seja a bandeira de uma “antropóloga portuguesa”...

Não o digo por preconceito, nem porque esteja contra a prostituição como consequência de miséria e ignorância, mas sim contra as suas causas mais profundas porque sei que a mulher não tem que vender o seu corpo nem o seu sexo, mas reivindicar uma sociedade justa onde ela esteja em plena paridade com o homem e tenha um lugar que nunca teve em nenhuma democracia e em que não será obrigada a vender o que mais precioso e belo tem.
Sem dúvida que será livre para fazer o que quiser com o seu corpo e com o seu sexo, mas dentro de um espírito diferente e sem a dicotomia em que desde sempre a sociedade nomeadamente a Igreja obrigou as mulheres a debaterem-se entre a “santa e a impura”. Neste contexto actual, por mais que lute por uma liberdade será sempre usada por homens que a não respeitam...
Ainda agora os “filhos da pu...” são os piores inimigos da sociedade, (como os terroristas) mas eles são os filhos do “Deus Pai todo poderoso” que dividiu a mulher em duas; na verdade o Filho da Grande P...que é o Patriarcalismo, pois a prostituição foi a sua invenção. Antes - das invasões bárbaras - as mulheres eram livres e dignas e nunca houve uma “prostituição sagrada” como se costuma dizer muito erradamente, mas sim a Devoção à Deusa Mãe que induzia a uma Sexualidade Sagrada em que o culto da mulher e do seu corpo era um princípio de divindade da Deusa que através da mulher iniciava o homem no amor o que o tornava também filho da deusa e da Grande Mãe e não porque esta lhe vendia os seus prazeres como se tornou vulgar pensar à luz dos nossos dias profanos, e não pagãos como se diz, porque era no Paganismo que o cristianismo denegriu que as mulheres e a natureza mãe eram elevadas à sacralidade e cultuadas pela sua dádiva enquanto Cálice. Antes do culto da guerra e da Espada!

Por tudo isso e à luz de uma Nova Antropologia - que certamente essa menina portuguesa desconhece - a luta da Mulher consciente devia ser por uma causa de todas as Mulheres do Mundo sim! E contra a prostituição, a violação e as mafias que as exploram incluindo em Bares de Alterne! Uma luta pela dignificação da mulher e não a “coisificação” do seu ser ou do seu sexo contra toda a prostituição dos valores e das sociedades machistas-capitalistas... em que tudo se vende e se compra e já não existe qualquer valor que não seja o consumo; contra uma sociedade em que o ser humano se tornou ele também um objecto a consumir e a usar como mero instrumento de prazer, sem que exista já qualquer dimensão de amor nem respeito pelo SER Humano em si - tão longe que se está de qualquer ética ou sentimentos profundos entre os seres humanos.

E como é que uma mulher minimamente inteligente pode crer nesta atitude superficial como solução na “união das prostitutas/os” e nisso possa encontrar um sentido "digno" tal como legalizar quer a prostituição, quer a “coisificação” da pessoa. Isto só nos mostra como todos os valores se inverteram com a queda dos preconceitos ou tabus em geral na nossa sociedade cada vez mais alienada do Sentido Real da Existência que existe para além deles. Não se trata pois de defender os tais preconceitos ou tabus como é evidente mas defender valores muito acima deles e porque lutamos tanto em gerações passadas!

A derrocada do mundo ocidental começa na própria ciência quando se vendem e compram órgãos humanos de seres vivos em hospitais e depois se matam crianças para lhes extrair órgãos vitais para vender em contrabando, é “natural” que vender o sexo não cause já nenhum problema...Mas o sexo não é um produto em exposição nem uma fábrica de prazeres lícitos ou ilícitos...

Legalizar o sexo como forma de “ganhar a vida” é uma perversão que se baseia hoje em dia numa falsa liberdade da mulher contrapondo a sua vontade à sua própria escravização que teve origem na divisão da Mulher em duas - a esposa e a prostituta - e que o patriarcalismo manteve até aos nossos dias. A liberdade da mulher não é lutar pela afirmação da escravização ao sexo a que o homem que a compra ou vende e usa a votou!

A MULHER É MUITO MAIS DO QUE O SEU CORPO,
MUITO MAIS DO QUE UM SEXO...


- Excerto de artigo publicado recentemente em MELUSINE - em arquivo

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