O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, maio 28, 2004

“No início, diziam os gregos, existia apenas o caos amorfo: luz e escuridão, mar e terra, tudo se misturava numa massa informe. Depois o caos organizou-se numa forma e essa forma era a imensa Gaia de seio profundo, a terra. Ela existia já antes do início dos tempo, pois o Tempo foi um dos seus filhos. Nas imensidões intemporais anteriores à criação Gaia existia para si própria.” (...)



SEGUNDO ARISTÓTELES...

O problema do mais e do menos já vem de longe...
(as aspas são do seu discurso)

Este corpo de mulher está inacabado como o de uma criança, está desprovido de sémen como o de um homem estéril. Doente por natureza, consegue mais lentamente reconstitui-se na matriz, devido à fraqueza térmica, mas envelhece mais rapidamente porque “tudo o que é pequeno chega mais depressa ao fim, tanto nas produções artificiais como nos organismos naturais”. Tudo isto, “porque as fêmeas são por natureza mais fracas e mais frias, e é necessário considerar a sua natureza como uma deformidade natural.”

Assim, de acordo com Aristóteles...

A natureza feminina é uma deformação natural: chegamos finalmente à razão ùltima dos defeitos que se acumulam no corpo das mulheres. É que a mulher é ela própria um defeito. Não há nada que escape ao registo da privação pelo qual ela se define.

O problema do género

E no entanto, temos de aceitar essa realidade: os grandes homens dizem mal das mulheres, os grandes filósofos e os mais autorizados saberes consagram as ideias mais falsas e mais desdenhosas a propósito do feminino. Assalta-nos, por vezes, a tentação de tudo reduzir à anedota, ao caso pessoal. (...)
Claro que seria fácil responder com o ressentimento e a amargura, com a denúncia furiosa dos erros e dos disparates. Mas seria justamente o mais fácil.
(...)
Diria até que a convicção íntima e adquirida de Ter razão de ser das nossas pesquisas militantes. Sabemos que a nossa causa é defensável. (...) Não apenas porque possuímos os meios para analisar e desconstruir esses discursos, e porque chegou a altura de levar a sério as razões dos vencidos, mas também porque algumas ideias mestras dessa ciência antiga podem chegar a sofrer um deslocamento e uma reorganização na mais recente biologia.


O LIVRO:
A alma é um corpo de mulher

De Giulia Sissa


(...) “O mais famoso oráculo do mundo antigo, Delfos, pertencia a Gaia muito antes de um intruso, o deus Apolo, se Ter apoderado dele.” (...)

in “O CAMINHO DA DEUSA” de Patricia Monaghan

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