O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, maio 23, 2004

A RUPTURA DOS REPRIMIDOS

“canibalismo por via oral”

“A GANÂNCia É BOA”
(...)
O motivo do lucro proporciona o incentivo, a satisfação e a justificação. Assim a corrida desinibida à riqueza torna-se uma virtude e, ao mesmo tempo, serve a necessidade narcisista de reconhecimento e estatuto. Não é exagero chamar-lhe canibalismo por via oral, que vê o mundo como um objecto a ser atacado e devorado, sem qualquer preocupação pelos seus sentimentos ou necessidades. É uma agressão associada ao sadismo que proporciona prazer no acto de agressão e é destituída de toda a simpatia pelo objecto atacado.

Devemos notar aqui que, nas culturas tradicionais do Ocidente, dominadas pelos constrangimentos morais do seu superego, os indivíduos que são orientados pelas tendências agressivas por via oral têm de as reprimir e encontrarão escapes em sintomas neuróticos. No entanto, numa cultura que, como a nossa, rejeitou o seu superego, os impulsos agressivos e canibalescos por via oral encontrarão expressão no comportamento social e serão considerados uma virtude, caso sirvam a corrida ao lucro. Então uma pessoa sente-se completamente justificada em poluir rios e os mares, em destruir as florestas e a envenenar a terra, a suprema crueldade infligida aos animais, se tal servir o motivo do lucro.(...)

FIM DA CIVILIZAÇÃO
OS FUNDAMENTOS DA MORALIDADE
George Frankl

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