O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, maio 26, 2005


Vem e embala-nos,
vem e afaga-nos,

Vem Soleníssima
Soleníssima e cheia
De uma oculta vontade de soluçar,
Talvez porque a alma é grande e a vida pequena,
E todos os gestos não saem do nosso corpo
E só alcançamos onde o nosso braço chega,
E só vemos até onde chega o nosso olhar

Vem, dolorosa,
Mater-Dolorosa das Angústias dos Tímidos,
Turris-Erbúrnea das Tristezas dos Desesperados,
Mão fresca sobre a testa em febre dos Humildes,
Sabor de água sobre os lábios secos dos Cansados.
Vem, lá do fundo
Do horizonte lívido

Beija-nos suavemete na fronte,
Tão levemente na fronte que não saibamos que nos beijam
Senão por uma diferença na alma.

(excerto da Ode à noite de F.PESSOA)

HOJE,
O CORPO DA DEUSA


Tinha vontade de te ver Mãe, de te dizer coisas que não digo a ninguém,
coisas que não se dizem por palavras, coisas de seres solitários e tristes
que vivem de espasmos de amor entre a terra e o céu na esperança de infinito...

Coisas sagradas da visão unívoca que só o espírito uno pode enxergar...

Vontade de te dizer a ti Mulher,
coisas que não sei nem nunca disse a mim mesma...

Falar-te como a um espelho mágico e sem mácula,
que me fizesse lembrar coisas ignoradas na penunbra de vidas,
memórias de viajante do espaço, nómada do cosmos que eu fui,
encalhado agora nesta plataforma de esquecimento e dor...

Lembrar as nossas vidas que se entrecruzam
entre um passado e um futuro de que a presente vida é ponte frágil;
libertar este grito dilacerante de toda a luta absurda e humana
e que só a consciência superior pode aplacar com a precisão de um raio lazer...

Era no Silêncio de dentro, eu sei...

Mas resiste em mim este sonho louco de falar-te da minha alma que viaja
de pele em pele, carne e osso, no ocaso deste deserto há tanto tempo esquecida;
minha alma que viaja, errante, de miragem em miragem à procura de um Oasis
nos teus braços sempre amantes de Mãe e de Mulher...

Todo o meu desejo de ser humano aqui na terra era diminuir-me,
tornar-me ínfima, encolher-me toda e converter-me de novo num feto
dentro do teu ventre (será isso “envelhecer”?)
e voltar para o meu mundo de Luz que nunca esqueci...


ROSA LEONOR P. 26/5/2005.
««««««««

"A rosa tem de tornar a ser o botão, nascido da sua haste materna,
antes que o parasita lhe tenha roído o seio e bebido a seiva da sua vida.

A árvore dourada dá flores de jóia, antes que o seu tronco esteja gasto pela tormenta.

O aluno tem de tornar ao estado de infância que perdeu
antes que o primeiro som lhe possa soar ao ouvido."


A VOZ DO SILÊNCIO...

Sem comentários: