O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, junho 22, 2005

A nova velha mulher



REEDUCANDO PARA O RENASCIMENTO
DA VELHA NOVA MULHER


Seguindo uma trilha de amor e ódio percorrida pela maioria das mulheres nos últimos dois mil anos, constatamos caminhos de violências em todas as formas; cultural, religiosa, filosófica, enfim, desde a integridade física até a transformação total dos seus valores éticos, da essência do moral feminino até o respeito a si mesma, com seu corpo e sua função divina de procriar, de perpetuar a raça humana.

Conceber a alma da mulher hoje é deparar-se com um desafio obscuro. Na realidade, a mulher da atualidade está vivendo uma escravidão de alma. É escrava da sua própria densidade física. Do ego, das coisa da matéria, o que as nossas antepassadas chamariam de Mergulhadoras de Pântanos.

Alheia a habilidade natural dos sentidos de preservação sutil, do poder da premonição, da capacidade de transformar-se e gerir energias multiplicadores de renovação, da força natural da Deusa interior que conduz, protege, e estabelece rumos naturais, que cria metas de paz e felicidade. Ela, a mulher atual segue pela vida, amarga, ansiosa, dependente de um companheiro quase sempre nem tão companheiro assim. Mergulhada na sua própria incompetência, pobre de metas transformadoras, busca nas sensações meramente físicas, quase sempre sem entusiasmo o que encontraria na plenitude da sua própria essência, no seu poder do feminino.

Urge a necessidade do autoconhecimento, da busca de si mesma para que o crescimento aconteça naturalmente, assim a felicidade e a paz se estabelecerá na alma.
É comum ouvirmos a frase : "Ninguém ama a quem não se ama," pura verdade. Ninguém se sente bem ao lado de uma mulher amarga, neurótica e desequilibrada, bem como do homem também. A dor, o sofrimento, as necessidades materiais, as traições são um fato real na vida de qualquer um, mas não são justificativas para o desequilíbrio.

Quando estamos centradas na nossa essência, a Mãe Dor se manifesta de forma serena e com a luz da mudança. Entretanto, quando estamos mergulhadas no pântano das emoções, a nossa alma está fechada para a luz , não nos permitindo ver além da dor.

Eu costumo dizer as bruxinhas que me rodeiam que: - O maior desafio da mulher é ser mulher. É virar-se pelo avesso em busca do seu eu verdadeiro, é um caminho árduo e muito difícil, mesmo porque nunca aceitamos o que encontramos verdadeiramente, quem somos e como somos.

(...)
Mas a mulher despertada para sua Deusa interior, caminha serenamente entre a dor e as verdades da alma, consciente da meta estabelecida e da plenitude a ser alcançada. Entretanto, é importante se ter conhecimento dos combates do caminho, sem perder a alegria das descobertas que estas promovem, o que torna o caminho mais alegre e envolvente de várias energias regeneradoras.

A descoberta da nossa bruxa interior não é apenas descobrir uma religião sedutora e alegre. Ou seja, o religar com as coisas da Deusa Mãe, a natureza, mas é principalmente nos conhecermos, nos encontrarmos como MULHER, obtermos a devida consciência da nossa missão na terra. Tomarmos a real medida da nossa função de mantenedora da vida e da preparação da sociedade futura.

Lembrando sempre que é a mulher quem dá à luz ao homem, que cria e o educa para a vida. O homem será sempre o resultado da formação e informação que recebe da mulher que lhe concebeu , ou a que lhe criou, que lhe amamentou e lhe enviou para a vida.

A mulher da atualidade deve buscar interiorizar o sentimento primário de que ela é a própria expressão da natureza. Desenvolvendo assim, uma aura luz em torno de si, de auto-respeito e se fazendo respeitar em todos os níveis; sexual, profissional, religioso e principalmente na sua mais divina missão, a maternidade.

Está na hora da mulher moderna, desmitificar o velho e protetor Príncipe Encantado, aquele que a salva de um destino cruel e assim vivem felizes para sempre. É bom lembrar que nestes novos tempos, o Príncipe Encantado é o velho e bom diploma profissional e a Universidade é o casamento que garantirá um futuro, se não feliz para sempre , mas pelo menos será a chave do castelo, que facilitará o abrigo físico e o provento necessário. Quanto ao cavalheiro montado em um cavalo branco, que dará beijos mágicos e sedutores, estará naturalmente no caminho, como parceiro na mesma meta.
(...)
É necessário que a mulher, busque amar com transparência e com o coração. Só assim se tornará livre e plena para usufruir verdadeiramente de uma parceria de amor. Quando se ama com o fígado no lugar do coração, corre-se o risco de trazer o amargor do fel para a relação, transformando um convívio que poderia ser livre e gostoso em uma relação neurótica e sofrida. Cheia de cobranças , deveres e obrigações.

O amor trás antes de qualquer obrigação a liberdade. A plenitude está na sabedoria de vivencia-la.
Uma bruxa sabe que não existe sobrenatural, muito pelo contrario, tem a consciência de que tudo é natural. Ver, ouvir, perceber e sentir alem dos sentidos físicos é meramente uma questão de treinamento e fé. Assim, a ligação, a leitura dos sinais da Grande Mãe, é uma questão de aprendizado e exercícios constantes.

A Bruxa moderna, depois do despertar da sua Deusa interior, busca desenvolver através das suas descobertas o sagrado e o divino do seu equilíbrio feminino, a partir da tomada de consciência que o bem e o mal fazem parte da energia universal. Cabendo a cada Mulher, desenvolver o equilíbrio, sem camuflagens do ego e vaidades supérfluas .

Cabe a mulher Bruxa, estar atenta as agressões a natureza, defendê-la e protegê-la. Tendo sempre em mente a responsabilidade ao educar seus filhos, de informa-los sobre as agressões impostas a natureza pela evolução tecnológica irresponsável. Bem como no que diz respeito a ciência sem ética, a que vai de encontro as leis que regem o universo.

Não cabe mais na nova sociedade rótulos tais como: A mulher é inimiga da própria mulher, ou se quiser ver seus ideais irem por água abaixo, conte a uma mulher seus objetivos, essas e outras frases de efeito semelhante, são ainda resquícios de um tempo de opressão patriarcal, que subjuga a mulher a condição de um ser menor, sem personalidade, influenciável. Sem contar com a estratégia por trás de tudo isso que é exatamente de criar conflitos entre a espécie feminina para enfraquecê-la na sua força de união.

Precisamos estar atentas também a todas essas e outras heranças culturais medievais do poder masculino, ainda muito enraizadas na nossa cultura formativa.
Não estamos nesta guerra silenciosa por poder ou mesmo por querer ocupar o lugar masculino, não, apenas lutamos pela nossa divindade de existir de forma plena, livre e verdadeira.

Pelo nosso poder feminino que nos foi violentamente subtraído de formas tão cruéis. Negando até mesmo o nosso poder de parir, quando instituíram a origem da mulher, extraída da costela de um homem, negando assim a divindade da maternidade da nossa Mãe criadora. Negando o nosso útero. Transformando a nossa função sagrada de menstruar em algo sujo e pecaminoso. Somos fortes quando temos a real consciência da grandiosidade do rio de sangue que corre nas nossas entranhas que dá origem a vida, como o líquido sagrado dos rios e mares, a água que correm nas entranhas da grande Mãe.

Somos simplesmente mulheres, e como tal, queremos existir com todas as características que faz de nós esse ser singular. Somos bruxas."



- Graça Lúcia Azevedo / Senhora Telucama -
(Suma Sacerdotisa do Templo Casa Telucama)

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