O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, novembro 10, 2005

(...)" Não falando dos males que o homem faz ao homem, tais como a pobreza, o encarceramento, a infâmia, a vergonha, o tormento, a traição, a cilada, o ultraje, a fraude; seria impossível enumerá-los todos. Não vos vou referir que crimes cometeram os homens, nem que deus irado os coagiu a nascer para tais misérias. (...)
IN "O ELOGIO DA LOUCURA" - DE ERASMO


ÀS SANTINHAS DA RUA AUGUSTA,
PREFIRO AS BRUXAS QUE ERAM SACERDOTISAS E FADAS DISFARÇADAS...


Há dois dias pousavam algumas raparigas tal estátuas representando santas conhecidas, enquanto os meninos de coro e outros meninos sorridentes, monges e freiras, destribuiam sorrisos e davam cascóis de futebol com dizeres "Cristo Vivo" e andam a passear todos felizes por Lisboa, enquanto em Paris os meninos maus de outro deus, quiça morto, queimam carros e escolas e fábricas...

Aquilo que pensamos extinto da sociedade, ou a violência reprimida continua latente no inconsciente da humanidade e quer os homens quer as mulheres vivem permanentemente com esses "fantasmas" se não enfrentarem o seu lado Sombra e se não se consciencializarem de que são cada um as duas faces da mesma moeda...Não é negando o nosso lado negro e fingindo-nos santos ou sendo bonzinhos - como prega a igreja católica - que as pessoas se libertam ou se encontram a si mesmas! A história mostra-nos as lutas e as loucuras sempre presentes dos homens e a sua sociedade de antagonismos e essa luta de contrários passa-se primeiro em cada ser humano!
Não é na negação ou ocultação desta realidade que nos libertamos, mas enfrentando os nossos medos e preconceitos, corrigindo os erros como que extraíndo o verme da ignorância e o medo ancestral do nosso lado obscuro a que chamamos "diabo" - apenas aquilo que ainda não sabemos ou apenas desconhecemos!

As religiões foram e são a forma mais desastrosa de contaminar pelo ódio, criando a separação entre crentes de várias religiões, entre os sexos e cometeram as maiores atrocidades sobre as mulheres em nome de um só credo e uma só fé...

"O clima de desconfiança em relação às mulheres teve também predileções profissionais. Quando não era o caso de grandes perseguições orquestradas para expurgar males como a peste, certos ofícios tipicamente femininos tinham precedência na lista de denúncias. Curandeiras, vitais para uma sociedade onde a medicina ainda era uma ciência incipiente, tornavam-se herejes e apóstatas da noite para o dia. Cozinheiras também viviam sob constante desconfiança, assim como as parteiras."


E em nome de um DEUS único dizimaram-se povos e civilizações, culturas e arte, referências de uma DEUSA, Mãe de toda a Humanidade, primeira referência de Amor. A Mulher foi cindida em duas (a mãe e a prostituta) e essa divisão originou para o próprio homem uma cisão da sua natureza: em luta contra o seu feminino (dentro e fora) o homem tem vindo a tornar-se uma espécie de "travesti" pois em vez de integrar o seu lado feminino como uma sensibilidade própria ou ver esse feminino no na mulher verdadeira, acaba também por transformar a mulher no seu travesti ou numa mulher "igual" masculinizada.

A Mulher está a tornar-se assim um ser em extinção: já é militar e vai à guerra, enquanto que o homem se torna misógino por consequência da sua atitude histórica e religiosa, ou num onanista ou pedófilo...
Na óbvia crise dos padres, está-lhes ainda empregnada na memória a ideia da mulher satânica e diabólica, a BRUXA, enquanto que as crianças (da sua preferência) são os "anjinhos salvadores" que os levarão para o céu... O resultado dessa ignorância e divisão está à vista. Violência sistemática sobre a mulher, abuso de crianças, violência dos adolescentes na sociedade e guerra "viril" em todo o planeta...

r.l.p.

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