O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, março 06, 2006

Waris Dirie é hoje uma activista e criou a sua propria Fundação



«Após "Flor no deserto", em que a top model Waris Dirie contava a sua vida na Somália, onde nasceu, numa aldeia Tradicional, e onde foi vitima dos bárbaros costumes, que ainda hoje assombram a vida de milhares de mulheres, antes de fugir para os Estados Unidos, como acto desesperado de libertação, surge ainda mais uma obra que relata o seu regresso ao país onde nasceu e que demostra a inabalável confirmação do quanto se pode amar um país sem que todavia aceitem todas as suas regras e tradição.»




Mukhtar Mai

"Nunca ficou tão clara a hipocrisia das Nações Unidas quanto no caso divulgado no último fim de semana: a ONU decidiu cancelar a entrevista de uma paquistanesa vítima de estupro coletivo. Mukhtar Mai estava sendo apresentada como “a mulher mais corajosa da Terra”, mas a entrevista acabou cancelada porque o primeiro-ministro do Paquistão estava visitando a ONU e não se queria constrangê-lo.

Ela falaria na TV da ONU, mas, na véspera, a instituição mandou informar que a entrevista ficaria para melhor oportunidade, porque isso poderia incomodar o primeiro-ministro paquistanês, Shaukat Aziz, em visita às Nações Unidas.
[...]
A ONU, guardiã e defensora dessa declaração universal, decidiu que lá Mai tem que se calar. Entre dar voz a uma vítima de grave violação dos direitos humanos ou a mais um burocrata de ocasião, ficou com a segunda opção."
[...]
O nome e a história de Mai correram mundo e continuarão correndo nos próximos anos. Ela virou um símbolo da luta contra a barbárie, pelos direitos humanos, contra a violência contra a mulher. É admirada, respeitada e apoiada. Tudo o que aconteceu a ela seria mais um caso de abuso contra a mulher num lugar remoto, tolerado pelo mundo com a desculpa de que essa é a cultura local ou essa é a lei religiosa, não fosse sua determinação de não se calar.

Numa entrevista à CNN, Mai disse, numa vozinha baixa e tímida, uma mensagem de extraordinário poder: “Eu tenho uma mensagem para as mulheres do mundo, todas as mulheres que foram estupradas ou foram vítimas de violência. É preciso falar sobre o que houve, e lutar por Justiça.” Parece simples e fácil, mas para todas as vítimas de violência sexual este é o passo mais difícil: falar sobre o crime e expor a humilhação de que foi vítima." (...)




NOTA À MARGEM:

O que fica claro destas e outras situações não é só a hipocrisia da ONU mas a realidade de todas as organizações paternalistas que pretendem defender direitos de minorias, mas em que a mulher acaba sendo sempre vítima como há tempos li que umas raparigas refugiadas foram exploradas e violentadas sexualmente por membros oficiosas da própria ONU.

O Mundo Patriarcal em momento algum defende na verdade a causa das mulheres por lhes ser estruturalmente impossível fazê-lo. Está na constituição das suas leis e é da sua própria índole e "princípios" de domínio secular a subalternidade da mulher. A ideia muito intelectual, divulgada nos midea, muito moderna e democrática de uma igualdade dos sexos, na sociededa machista e falocrática é sempre um pretexto para dessimular a realidade que não lhes interessa remover e mesmo que quisessem não saberiam. A violência sobre as mulheres está-lhes ainda nos genes de bárbaros...


Obrigada Marian!!!

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