O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, julho 06, 2006

“A Imagem Dupla”
(...)

"Quero levantar o tema do incesto com a mãe ou com a irmã porque ele está claramente implícito na bipolaridade da deusa. Isto tem muitas conotações para a mulher. No presente contexto trata-se de uma maneira de “incorporar as forças obscuras da mãe, ao invés de fugir e destruí-las”. A ligação erótica pode permitir uma conexão íntima com qualidades positivas da sombra às quais a mulher nunca teve acesso dentro de si mesma. E também o retorno à possibilidade de estar intimamente religada a outrem igual a si mesma, e que pode ratificar plenamente o feminino.

Neste domínio está incluído o mistério do amor entre mãe e filha e entre mulheres iguais. Anne Sexton escreveu sobre “a caverna do espelho, aquela mulher dupla que olha para si mesma”, no poema “A Imagem Dupla”. (...)

E Adrienne Rich: o “Espelho em que duas são vistas como uma. É ela a quem chamamos de irmã”. Uma paciente pintava duas irmãs se abraçando e “os dois corpos apertados um contra o outro pareciam uma só pessoa”. E ela explicava:

“Duas irmãs abraçadas fazem uma pessoa forte. E é a maneira pela qual consigo abraçar-me quando preciso de uma mãe e não há ninguém que me ajude: Eu a mim, como uma irmã a sua irmã”.


O CAMINHO PARA A INICIAÇÃO FEMININA
De Sylvia B. Perera

Sem comentários: