O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

HOMENS LÚCIDOS, PORQUE OS HÁ...

"O OCIDENTE: UMA PODRIDÃO QUE CHEIRA BEM,
UM CADÁVER PERFUMADO."

Emile Cioran

“Enquanto uma mulher correr o risco de ser condenada e de morrer por abortar, a defesa da vida não passa de um slogan vazio.
O Não colhe proclamar a vida do feto quando a vida da mulher não é respeitada.”

Rui Costa Pinto


>«A desumana insensibilidade com que os adversários da despenalização convertem o direito à maternidade e à paternidade numa obrigação absoluta - incluindo em caso de gravidez indesejada ou, mesmo, insustentável, em termos afectivos, psicológicos, familiares, económicos, sociais, etc. - revela uma dose de intolerância e de incompreensão que só o dogmatismo e o fundamentalismo religioso ou moral podem justificar.»

Vital Moreira, Público, 06.02.2007

(…)
"Tal como algumas das melhores consciências do "não", eu também gostaria que o Estado, a sociedade, a família, as empresas, garantissem a todas as mulheres as condições de acesso a uma maternidade responsável (e acrescento: desejada), sem discriminações de qualquer espécie. Mas por maior que seja o nosso inconformismo perante as desigualdades sociais e a inoperância do Estado, que resposta vamos dar às mulheres mais dependentes e vulneráveis, enquanto as coisas forem o que são e o recurso ao aborto se mantiver escondido numa clandestinidade tão conveniente para a boa consciência das almas sensíveis?”(…)


Vicente Jorge Silva
Jornalista

(…)“Por muitos esforços que os defensores do ‘não’ possam fazer, e por mais iniciativas que possam ter sido feitas, há uma verdade inelutável: O aborto clandestino é um flagelo social que continua a matar, pelo que a defesa da vida não se pode resumir ao feto.

Não vale a pena atirar a trágica realidade para debaixo do tapete, em nome de altos princípios que não têm eco no dia-a-dia.

A desvalorização das consequências criminosas do aborto clandestino já dura há demasiados anos.

Não é sustentável permanecer insensível à realidade em nome da defesa de princípios que não são aplicados na prática.

Enquanto uma mulher correr o risco de ser condenada e de morrer por abortar, a defesa da vida não passa de um slogan vazio.

Não colhe proclamar a vida do feto quando a vida da mulher não é respeitada.”


Rui Costa Pinto

Sem comentários: