O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, março 30, 2007

LILITH


Os “prazeres do corpo” negados são a testemunha de uma ofensa arcaica à natureza do homem e é a primeira violência feita à mulher. Lilith, que se “alegrara” indo ao encontro do homem com timidez e amor, olhando confiante no fundo dos seus olhos, recebe em resposta uma rígida projecção defensiva, um desprezo cheio de angustia, um desdém que produzirá raiva e cegueira em relação àquela que tem somente “culpa” de ter feito conhecer o Amor, de ter sido apresentada ao homem como sua igual e semelhante, divina ela também.

O homem portanto, não reconheceu como sua a felicidade de ter corpo e sexo, espírito e alma fundidos numa só entidade. Lilith, corpo e alma, foi julgada “fonte de toda a injustiça” e mensageira do ilícito. A tragédia está nessa falsificação da realidade psíquica. A vida imortal com Deus Pai exigiu um preço: o deslocamento do mal sobre Lilith, a transferência da Dor e da Grande Dúvida para a Mulher. Assim se extinguiu o sorriso nos lábios de Lilith e o seu regozijo de amor se converteu, para sempre em raiva e ódio de Adão “patrão”.
in LILITH A LUA NEGRA - de Roberto Sicuteri
(ler e reler)
Adenda:
Por todas essas razões obscuras o corpo matriz da mulher foi sempre desrespeitado e explorado ...e hoje mais do que nunca, a Internet, usa a imagem da Mulher de todas as maneiras à semelhança dos filmes pornográficos e da publicidade só que de forma mais sofisticada e "moderna"...a propósito de tudo e de nada ou até para ilustrar um texto sobre salazar...estilo "ele merece" levar com as "mamas" (de silicone) da play boy na cara...
Ninguém percebe como essa degradação da imagem da mulher contribui para a violência doméstica e psicológica, ninguém percebe esse ódio secular e culpa inconsciente hoje atribuida aos atributos da mulher.
E neste secular abuso de imagens da mulher-objecto para todos os efeitos toda a gente acha normal mesmo os homens mais inteligentes e intelectuais iguais aos mais vulgares ...
Vulgar a desculpa de que são essas mulheres que se exibem assim...
A propósito de um comentário a um Blog que gosto ...

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