O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, novembro 22, 2007

"AFINAL, O QUE QUEREM AS MULHERES?" *

Ao ler o Blog de uma amiga deparei-me com um autor, psicólogo brasileiro, que mencionava sobre o amor algumas coisas interessantes e fui pesquisar e encontrei um texto dele sobre a mulher...
As mulheres são mesmo um mistério::
Flávio Gikovate ::
(…)
“ E as mulheres? Não tenho a impressão de que é possível agrupá-las em 3 tipos – e seus subgrupos – como fiz com os homens. Parecem portadoras de uma multiplicidade que nem elas entendem. Os homens as invejam porque consideram que elas teriam uma enorme facilidade para o sexo casual, já que estão sempre sendo paqueradas por alguém (o que não acontece com eles, que têm que ir atrás). A grande maioria delas não se interessa por isso, apesar de adorarem se exibir e atrair olhares. Parece que o prazer exibicionista é suficiente para elas, o que não faz o menor sentido para os homens. Outras têm medo de sua exuberância sexual e tratam de se deformar: engordam demais justamente na mocidade, descuidam de outros elementos de sua aparência. Outras se queixam da falta de orgasmo e a grande maioria nem percebe que o orgasmo não lhes provoca a saciedade parecida com a que acontece com a ejaculação masculina. Buscam mesmo é o sexo associado ao amor e fazem, cada vez mais, o discurso pela igualdade que pede o sexo sem compromisso. Isso justamente quando os homens jovens estão se desinteressando disso. Mulheres homossexuais, diferentemente dos homens, preferem relações estáveis e duradouras. Mulheres heterossexuais sozinhas buscam parceiros na noite e sempre se decepcionam quando não há continuidade. Apesar disso, continuam dizendo que é legal este jogo de sedução e paquera. Muitas são sinceras e se declaram desinteressadas disso e claramente buscando um parceiro fixo. Outras mulheres se divertem de verdade com o sexo casual e as suas amigas as invejam e não sabem por que não são como elas. Umas gostam de tomar a iniciativa na paquera enquanto que outras acham isso terrível.”

A CONFUSÃO DA MULHER:
PORQUE NÃO SABE A MULHER DE SI?


Todas estas considerações podem estar muito certas mas apenas analisadas à superfície. Como sempre, quer psicólogos quer sexólogos, parecem esquecer ou nem sequer perceber que na realidade o drama das relações ou o drama da mulher não é tanto a questão das duas metades opostas e complementares, homem e mulher, mas a questão da integração dos dois lados opostos em cada ser. O feminino e o masculino interior de cada ser. Isso para começar, mas na realidade temos de ir mais longe e verificar que a mulher antes do mais é vítima inconsciente de uma cisão profunda na sua natureza ontológica e psicológica, milenar e histórica, ferida no cerne do seu próprio ser e que esse facto é o que a leva a atitudes descompensadas e histéricas, numa “multiplicidade” de carácter, sem nunca se encontrar, ou a ter uma aura de mistério (ou confusão?), em relação ao homem, e tudo isto sem sequer ter em conta a criança ferida (em todos nós) e a forma particular como ela viveu a sua infância face ao masculino.

Ora nós sabemos que em todas as sociedades patriarcais, antigas e modernas, seja na China ou no Japão, no Ocidente ou no Oriente e naturalmente na Europa, que a menina é desde que nasce mal amada, (às vezes abortada ou morta como na índia) destituída de valor próprio, educada para o casamento ou para um outro qualquer papel subalterno, objecto sexual ou mera reprodutora, desvalorizada enquanto ser humano e sujeita a todo tipo de exploração sexual-laboral muito mais do que o homem...

Fico bastante impressionada como é que na nossa sociedade moderna há “especialistas” que simplesmente ignoram estes aspectos e fazem considerações de ordem psicológica e científica sobre as relações entre homem e mulher sem ter em conta um aspecto tão fundamental como este…

No final do artigo este autor confessa a sua confusão e acrescenta:

“ Bem, basta de confusão por ora. Gostaria de deixar claro que isso é apenas o início da conversa, porque as mulheres parecem ser portadoras de uma multiplicidade que surpreende a elas mesmas. A pergunta de Freud - "Afinal, o que querem as mulheres?" - parece que não será respondida facilmente; e talvez seja mais difícil para elas dar a resposta do que para um observador masculino.”

- Poderá parecer mais difícil para as mulheres responderem a esta questão porque a mulher está realmente cindida em duas e às vezes completamente fragmentada. As duas partes de si mesma que ela OU ELEGE OU NEGA, tendo de optar por uma delas ao longo da sua vida sem que nada disso seja claro e óbvio para si, dá-lhe um carácter fútil ou complexo e a própria mulher acaba sentindo-se absurda, estranha ou doente. O seu vazio existencial, o seu esventramento, de que é bastante representativo o facto de se lhe tirar o útero ou os seios quase aleatoriamente, o que corresponde ao silenciamento da voz secular da mulher atávica, da mulher ancestral e da Deusa, sendo a mulher simplesmente esmagada nos múltiplos conceitos e preconceitos sociais e religiosos que limitam as suas escolhas e opções e na sua própria vida em geral em que toda essa negação-amputação do seu ser íntimo e profundo a leva a crer que o que lhe falta é realmente e apenas o homem que a complete pois é assim que foi educada, como ser incompleto e saída da costela de Adão…


Esta é a moral vigente-decadente e a que obedece o nosso inconsciente colectivo. A isso nem Freud, nem nenhum psicólogo ou sociólogo deu resposta nem dará pois só a mulher integrada a mulher que se reencontrar em si mesma e unir essas suas duas partes poderá partir para o encontro consigo em pleno e só depois poderá estabelecer uma relação equilibrada e amorosa, com o homem ou com outra mulher…
RLP

Frase atribuida a *FREUD

6 comentários:

Lealdade Feminina disse...

Eu comento sempre...se pudesse comentava mais e mais e mais e mais

O Flávio esqueceu de falar da mulher que está sozinha e não quer nem parceiro fixo nem sexo casual, pq embora nem todos os homens sejam iguais, os modelos de relacionamento são, e pelo menos a mim, não me interssam minimamente... Existem muitas coisas melhor do que homem, e do que sexo com homem, casual ou de casal...rs...

O que a mulher quer? que o patriarcado acabe e sejamos livres outra vez... mas nem todas sabem disso, ainda...
Beijos minha linda, sacerdotiza mor...

Anónimo disse...

Enquanto a mulher for vítima dessa moral patriarcal que a divide em santa/puta e que o psicólogo esqueceu de mencionar, vair ser muito difícil a mulher se encontrar e se realizar afetiva e sexualmente.
Eu vejo as mulheres muito confusas e perdidas. E eu acho que a maioria tem é medo mesmo de sua exuberância sexual, mesmo aquelas que exercem sua sexualidade de uma maneira mais livre, pois sabem que uma hora ou outra serão julgadas e tachadas de prostitutas ou de "aquelas que não servem para casar". Um abraço, Igaci

Anónimo disse...

A igreja dividiu no Ocidente. Quem dividiu no Oriente?

Anónimo disse...

Na verdade, também, nem este e nem outro homem quer realmente saber a causa da confusão/insatisfação da mulher em geral. O que eles querem é que se adaptem e escolham de uma vez por todas de que lado vão ficar: se o da princesa que espera o principe ou se o da puta que faz sexo com todos, porque é nesses dois papéis que as mulheres continuam a servir os homens seja no casamento pra procriar, seja na rua para o prazer. Um abraço, Igaci

Anónimo disse...

A igreja dividiu no ocidente e "deus" dividiu no oriente...o mesmo deus...iracundo e misógino dos patriarcas. Vem todos do deserto árido e detestam a mulher abissal, água...

Anónimo disse...

Igaci e Juliana, nós fazemos parte da lealdade feminina...quem mais está inscrito? falamos a mesma língua...do mesmo coração. Obrigada pelas duas!!!

rosa leonor