O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, novembro 27, 2007

o fundamentalismo na India, contra as mulheres...


Perseguida na Índia:

Escritora Taslima Nasreen forçada a sair de cidades...


A escritora do Bangladesh Taslima Nasreen, que vive exilada na Índia, está a ser forçada a sair das cidades por pressão de grupos islamitas que a querem ver expulsa do país, pelas suas alegadas blasfémias contra o Islão.
Hoje mesmo, a polícia obrigou a romancista - conhecida como «a Salman Rushdie do Bangladesh»-- a deixar o Rajastão, norte da Índia, onde se tinha refugiado na véspera, depois de ter sido coagida a sair de Calcutá, a maior cidade do leste indiano, cenário, quarta-feira, de incidentes provocados por islamitas.
«Ela chegou sem avisar. Então, por razões de segurança, o governo pediu-lhe que se fosse embora», explicou o ministro regional do Interior, Gulab Chand Kataria.
Taslima foi escoltada até ao estado vizinho de Haryana, na fronteira com o território federal de Nova Deli, e recusou dizer se tenciona refugiar-se na capital.
«Estou sob grande pressão psicológica. Não me sinto bem. Não estou em condições de falar, estou esgotada», confessou, em contacto telefónico com a agência oficial Press Trust of India (PTI).
Os hotéis do Rajastão recusaram, quinta-feira à noite, dar abrigo à escritora, que acabou por dormir num «local privado» em Jaipur, a capital do Estado.
Taslima foi levada para o Rajastão na sequência de uma violenta manifestação de 5.000 islamitas em Calcutá contra a sua presença na capital de Bengala Ocidental, onde vive exilada e onde se fala o bengali, como no Bangladesh.
«Não tenho para onde ir. A Índia é a minha casa e eu gostaria de ficar aqui até morrer», disse há dias ao diário The Hindu.
O partido nacionalista hindu Bharatiya Janata (BJP) acorreu em socorro da escritora, de 45 ans, que, na opinião de um dirigente, Yashwant Sinha, citado pela PTI, está a ser «tratada como uma bola de futebol».
Em 2005, Nova Deli recusou conceder-lhe a cidadania indiana. O seu visto de residente estrangeira expira em Fevereiro de 2008, segundo a imprensa.
Taslima vive no exílio entre a Europa, os Estados Unidos e a Índia desde que foi ameaçada de morte pelos islamitas do Bangladesh em 1994.
Em Março, um grupo islamita do norte da Índia prometeu uma recompensa pela sua decapitação e, em Agosto, foi agredida publicamente por militantes muçulmanos em Hyderabad, no sul do país.
Posteriormente, foi julgada na Índia por ofensa ao Islão. Poderá ser condenada a três anos de prisão por «ter provocado a discórdia, o ódio e a aversão» entre grupos religiosos.
Diário Digital / Lusa
23-11-2007 12:27:00

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