O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, fevereiro 19, 2008

O SORRISO DE GIOCONDA...


PENSO NO CONGO E NO QUÉNIA, NA INDIA E NO PAQUISTÃO...

Penso que neste momento há milhares de mulheres mutiladas num hospital do Congo vítimas de violência atroz em violações diárias e sistemáticas por rebeldes. Penso nas meninas abusadas e mantidas em cativeiro, no Brasil e nas meninas de Alpendurada vestidas para matar, como espectáculo para atrazados mentais, os pais e os professores.

Também penso na beleza da dança do ventre e no sorriso da Gioconda...
Penso na Paz na Terra e no copo meio vazio ou meio cheio...

Mas não esqueço nem quero ignorar ou fazer de conta que tudo vai bem se estou bem comigo mesma...Por isso, republico o que se segue e escrevi há já algum tempo.

UMA Ode de repudio à violência e domínio dos homens sobre as mulheres.

Eu não quero perdoar nem esquecer a ignomínia de séculos, senão milénios, de uso e exploração das mulheres por parte dos homens em todo o mundo. O esmagamento de metade da humanidade reduzida à escravidão ainda em vigor numa parte enorme do globo e abusada e violada noutros sem excepção. Não, não me quero esquecer, nem perdoar todas as afrontas, sofrimento e violência sobre as mulheres ao longo de séculos, em cada canto do mundo e em cada casa. E os mais recentes e pungentes casos das mulheres nigerianas condenadas à morte por lapidação pelo crime de dar à luz uma criança do ex-marido...ou os assassínios brutais das mulheres em toda a parte pelos guerrilheiros, pelos maridos, sempre actuais... Não quero esquecer a guerra nem a miséria em que SÃO as mulheres as primeiras vítimas sempre violadas e usadas para defender o interesse das famílias e do reino...as casadas à força ou tornadas freiras, as prostitutas e as mártires, as santas, as freiras, as criadas e as amas, as rainhas e as servas...as mães e as filhas, a mais arrogante das rainhas e mais humilde das concubinas na China e na Índia, todas elas sujeitas ao domínio dos patriarcas, padres e bispos e senhores e maridos e reis ou governantes deste mundo construído pelo poder da espada e da guerra contra o cálice sagrado da grande Deusa.

Eu não quero esquecer nem perdoar nem me deixar enganar por uma falsa liberdade ou igualdade de direitos num mundo em que o mais grave de tudo é as mulheres não se “emanciparem” como mulheres e defendendo os valores femininos, mas para serem como os homens e usarem as mesmas armas de domínio e poder ou sendo meros objectos de ostentação da vaidade do macho, não sendo essa a essência da mulher.


Mais grave do que a escravidão e abuso das mulheres é transformarem-nas no seu contrário e estas se traírem assim na sua essência. E nesta pretensa simulação de uma igualdade e liberdade nunca a mulher esteve tão longe do que Ela é na verdade e longe da razão do seu ser e portanto destituídas do seu Dom que prevalece na diferença e não na luta por um lugar neste mundo onde os valores femininos de paz e amor, respeito pela natureza e poder de cura são ou deveriam ser o seu apanágio. Mas que isto não signifique a mulher ser apenas um ser passivo e amorfo, que aceite tudo e se conforme com esta realidade. Sou adversa as “Faces de Eva” passiva e submissa, como sou adversa a caricatura da mulher seja como objecto sexual seja como o seu contrário assumindo atitudes e comportamentos masculinos.

A mulher tem também em si a mulher selvagem e a guerreira, mas a luta é pela justiça e a verdade e não por propriedades e bens, terras e nomes...armas e petróleo! A mulher tem de lutar pela sua integridade se for preciso, tem de se impor ao homem e ao marido como ser independente e lutar pelo direito à sua soberania...mas nunca na guerra a seu lado...

A mulher não tem país, mas a terra inteira a defender...É o planeta que está em causa e não um território a defender de inimigos falsos e interesses que não são os seus porque elas são sempre as suas primeiras vítimas e os seus filhos carne para canhão. Ao longo dos séculos e dos milénios a carnificina repete-se e a humanidade reduzida a sua metade, assola outra metade pelo horror e prepotência de estados membros ou impérios. Fabricando armamento em massa e aparelhos dos mais sofisticáveis, dispensando orçamentos que alimentaria populações inteiras que morrem à fome e provocando guerras para alimentar uma indústria bélica a mais poderosa e destrutiva de todos os tempos, e que mais do que nunca ameaça o planeta de destruição global, dominando os países, mesmo os que se julgam autónomos em nome de uma justiça hipócrita que apenas esconde interesses económicos. Se as mulheres do mundo inteiro, em cada país, em cada casa, se erguesse do mar das suas preocupações e da sua indiferença quanto ao destino das outras mulheres e de si próprias num sentido mais vasto e se voltassem para o mundo e dissessem NÃO com todas as forças da sua alma, se se virassem para si mesmas e pensassem que o mundo podia ser diferente se assim fizessem unindo as suas forças e que isso estaria nas suas mãos, o mundo mudaria em muito pouco tempo... (...)RLP

2 comentários:

Marian - Lisboa - Portugal disse...

125% de acordo com tudo o que diz neste post, naturalmente.
Fez-me tambem relembrar anos já lá vão -quase 20, e nunca mais esqueci, de um comentario de uma colega do curso de saúde num debate ocasional em aula alunos/prof s/ a felicidade... era uma capricorniana, pessimista qb e tambem muito realista: -não acho possivel alguem ser feliz inteiramentente neste mundo -disse ela, -por melhor que as coisas lhe corram a nivel pessoal, a simples consciencia de que em todas e qualquer parte do mundo, continuamente com milhares de pessoas, com milhoes de seres, há injustiça e dor; a simples consciencia disso, que me acompanha sempre... é impossivel ser feliz completamente!
Lembro de ter acenado muda e vigorosamente com a cabeça, admirada como alguem punha em palavras o que eu sentia desde criança... o prof. assentiu silenciosamente, os outros presentes na aula embatucaram, e os mais dados a brincadeiras calaram longo tempo como se tivessem acabado de descobrir algo que nunca tinham visto

Anónimo disse...

Obrigada Marian pela sua cumplicidade e apoio. As vezes desacredito deste meio, mas outras sinto-me gratificada pelas palavras amigas de algumas pessoas como você, por exemplo.

abraço

rosaleonor