O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Separadas à nascença…

PORQUE NÃO SOU FEMINISTA...

NEM DE DIREITA, NEM DE ESQUERDA
NEM ESCARNEÇO DO “FEMINISMO”...


Procuro a resposta global à questão essencial de SER MULHER. E penso que só quando a mulher conseguir sair do nível de luta social, política e económica, tal como o homem aliás, mas de outro modo, quando for para lá das questões que a fragmentam, e se aperceber da Dimensão do Sagrado, daquilo que a transcende ou daquilo que ela representa ontologicamente e do seu lugar do mundo, como encarnação do Princípio Feminino e não só ver-se como mãe e mulher ou profissional que é o plano exclusivo em que as feministas trabalham, é que ela caminhará para a sua totalidade. Só quando atingir essa completude do seu ser, não apenas através de uma espiritualidade, mas sim na compreensão e união das duas mulheres que o patriarcado romano dividiu entre a santa e a prostituta, a esposa e a hetaira ou concubina, ela conseguirá recuperar a sua verticalidade, a sua integridade de SER MULHER.

Até que isso aconteça, num redimensionar das perspectivas humanas, conceito da ordem do mundo, da própria ciência e das sociedades, quase todas elas baseadas nos valores do patriarcado - desigualdade dos sexos e supremacia do macho - a mulher lutará sempre desfalcada de uma parte de si (sem saber que ela é também a outra – tal como a um nível mais elevado e profundo acontece com o Homem-Humanidade). Sem essa dimensão superior de entendimento, tudo se passará nessa dualidade de bem e de mal, de esquerda e direita, direitos e interesses, a um nível do mero jogo político e económico, bastante superficial e viciado na perspectiva redutora seja ela religiosa seja ela ateia e materialista. Também esta luta se passa, como é evidente, nas desigualdades sociais no mundo inteiro, com a humanidade em geral, mas o homem em si, seja em que cultura for, não é sujeito a uma divisão interna do seu ser, (sem ter em conta aqui os aspectos psicológicos que são comuns aos dois sexos) ele não é fragmentado em partes, dividido entre o santo e a prostituta (também sem ter em conta os gigolôs e os travestis porque essa é outra história) pois o homem pode ter as mulheres que quiser e nem sequer casar…ele não é dividido entre o homem sério e o homem respeitável por questões de sexualidade pois ainda é mais “respeitado” se tiver muitas mulheres ao contrário da mulher que só pode ter um homem e isto é só um exemplo menor.

Por essa razão, os homens são leais uns aos outros, mas a lealdade feminina é praticamente impossível porque as mulheres não tendo a consciência dessa essência comum, primeiro dentro e depois fora, não se conhecendo a fundo portanto como mulheres-Mulheres, ( porque só adquirem essa consciência ao unir as duas mulheres dentro de si mesmas), não se unem por uma mesma causa, a da parte Humanidade-Mulher que foi aglutinada e submetida ao Homem.

Todas essas mulheres que lutam no mundo dos Homens mesmo contra as suas leis, não existem como mulheres autênticas, porque estão divididas e fragmentadas, por isso a sua luta fracassa sempre… Mesmo que apareçam “unidas” em manifestações são sempre metades de mulheres, sempre em antagonismo consigo mesmas porque em simultâneo estão em oposição à outra, a rival e a inimiga a abater na concorrência pelo macho, a nível emocional e psicológico e até mesmo económico.

Só quando a mulher conseguir unir esses dois lados (antagonizados à nascença) do seu ser e tiver acesso ao seu verdadeiro potencial, aquilo que é verdadeiramente a Natureza Feminina, ligada ao seu poder interior, inato, talvez ela consiga ter o suporte das forças da Natureza Mãe Terra e do Céu e perceba que é uma Mulher & Deusa…rlp

4 comentários:

Lealdade Feminina disse...

A mulher precisa unir os seus dois lados, supostamente a pura e a puta... mas muito além disso, precisa o mundo resgatar o Feminino no mundo, e inclusive nos homens... De nada adianta a mulher resgatar o seu feminino, pra viver em guetos dentro de um mundo patriarcal... é preciso mudar tudo... por isso ´q que o mundo vai acabar, esse mundinho patriarcal vai acabar, já está acabando... não só pra mulher poder ser pura e puta ao mesmo tempo, mas para que ela possa ser livre... uma mistura de palavras que... to be continued...

Anónimo disse...

Você continua a por a carroça à frente dos burros...uma mulher que resgata o seu feminino não fica presa em guetos.O mundo não existe, é uma coisa abstracta...mas existe você e cada indivíduo e enquanto o indivíduo ou mulher neste caso não integrar esse feminino não haverá nem homens femininos nem mundo mais justo.Não há mais revoluções nem acções do exterior que nos valham. Ponha isso na sua cabeça e ouça antes o seu coração. Ele sabe que tudo começa dentro de si e uma vez que isso aconteça tudo muda à sua volta. Você não tem que alcatifar toda a casa para não magoar os pés e ficar confortável, basta calçar umas pantufas...
abraço
rosa leonor

Anónimo disse...

Ok, eu sei que parece egoísta...mas se você não mudar não adianta querer mudar os outros...e quando você muda voce compreende e fica estável e propaga essa energia que é amor e consciência!
rl

Lealdade Feminina disse...

Ainda há controversias...rs...
mas o melhor de tudo aqui é justamente não haver a unanimidade burra...
e como disse Voltaire, mesmo que eu discordasse de tudo com vc, ainda assim defenderia a té a morte o seu direito de pensar o que quiser, diferente de mim...
e o meu tbm... claro...
Vive la diference...