O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, maio 16, 2008

as leitoras dizem...


marian disse...

De facto tudo o que refere é escandaloso; há algo que pura e simplesmente a nivel pessoal me deixa sempre atónita pelo mau gosto -e mau jornalismo...dar nas notícias do telejornal as ultimas peripécias da novela da noite... (regra geral exemplar o mais deprimentes possivel tal como o sao na generalidade os scripts das novelas-aberração que por aí rolam a todas as horas e apenas visam como industria que são, o maximo lucro para os criadores e participantes. Tambem funcionam como cativação da frustraçao do cidadão médio que se auto-condena a uma masturbaçao emocional de sentimentos na sua perfomance mais mesquinha: invejas, intrigas, interesseirismos e golpes baixos são a tónica, alem de muitos segredinhos para poder dizer o eterno "coitadinho/a merecia ter mais sorte" tão caro a um certo espirito nacional-popular.

Quem já chegou aos "intas ou entas" deve lembrar uma certa literatura dita feminina de qualidade extremamente mediocre que perpetuava a cultura da princesa encerrada na torre à espera do cavaleiro que a iria salvar já que ela jámais seria capaz de o fazer sozinha... rss.

O sapo, perdão o cavaleiro, era sempre arrogante e infinitamente seguro de sí. Quanto à princesa claro era feminina/tremula e chorosa (tudo isto no mesmo saco) e desmaiava sem forças sempre que era beijada após tentar sem esperança resistir com uns protestos físicos e vocais muito débeis, quase inaudiveis.
Depois de se render ao cavaleiro e dele depender em tudo, ele a protegia tambem de tudo...
Habituada a outras andanças e posturas quando descobri essa "literatura" abismei, e reparei que muitas criaturas femininas se alimentavam e reviam nela... Acho que havia até barraquinhas para troca desses livrinhos intoxicantes: corin tellado, carlos santander e barbara cartland entre outros eram os autores.

Nao admira portanto que gerações de mulheres deseducadas e condicionadas sistematicamente por este e muitos outros motivos, para uma cultura de fraqueza e dependencia e homens deseducados para uma postura de vitoria a qualquer preço produzam seus monstros como o caso dos austriacos e tantos, tantos outros...

Felizmente agora já temos a Lara Croft... e não só!

Marian http://maraoluar.blogspot.com/
PS Obrigada pelo seu comentário e já agora verá que me servi dele de mote para outro texto...

2 comentários:

Marian - Lisboa - Portugal disse...

Fez muito bem em usar o meu coment., RLeonor! comunicamos para isso tambem.
Percebo o que quer dizer quanto a Lara Croft, concordo sem restriçoes, mas tambem lhe digo que num mundo de aberraçoes prefiro de longe uma mulher dura e até brutal para quem a incomodar, do que a mulher-capaxo que leva (como na anedota) pancada do medico (ao nascer), do pai, do irmão e mais tarde do marido, e para nao falar em casos mais graves de violencia familiar, do proprio filho...
Leve esta rebeldia à conta do meu arquétipo Artémis... :-)
O facto de pessoalmente ter sempre estado a milhas de vivenciar estas realidades, nao me impediu de as observar de perto e interiorizar sempre a enorme injustiça que representam... tenho tanto de yang como de yin, rss... e sou -sempre fui, sensivel ao sofrimento alheio, capaz de o cheirar mesmo debaixo da capa mais perfumada.
Lembro à muitos anos ter sido escolhida para confidente numa viagem de barco por uma senhora idosa. A senhora tinha uma vida razoavelmente boa mas um terror a acompanhava: o filho unico, cada vez mais violento e incontrolável ameaçava-a de morte regularmente. Sempre que entrava em casa nunca sabia se seria pela ultima vez. Lembro de ficar bastante chocada e aconselha-la vementemente a procurar ajuda para ela e para o filho tambem. Ela quase não me ouvia e só repetia que sabia que morreria nas maos dele; foi uma cena de doidos e saí de lá meia perturbada: real ou nao o que faria uma pessoa aparentemente normal aceitar morrer às maos de outra, sem ao menos tentar aquacionar uma forma de ter voz activa na história? onde perdera ela a capacidade de autopreservaçao para atender a primeira obrigaçao que todos temos, cuidarmos bem de nós? lembro igualmente de me passarem fugazmente pela cabeça noçoes de karma e seus debitos e logo a seguir a despersonalização e ausencia de auto-estima ainda particularmente severa e especifica para as pessos de sexo feminino, como responsavel por aquela situação lamentavel...
Quanto à mulher inteira e absoluta, integrando a sua parte divina posso até ousar dizer que a entendo pelo menos em parte, RLeonor mas arrisco que estamos muito longe... afinal mulheres e homens estamos todos tão longe da nossa verdadeira espiritualidade que para mim tem tambem o nome de liberdade... que quando nos livrarmos das muitas amarras que nos condicionam tambem alguns dos problemas actuais estarao finalmente resolvidos
Que assim seja e já agora para ontem.

Anónimo disse...

Também eu prefiro a artémis à mulher que se deixa ser capacho...
Sei que me entendeu assim como eu a entendi e estou de acordo consigo quanto a saber o quão longe estamos da mulher essencial e como você diz, afinal tanto "mulheres e homens estamos todos tão longe da nossa verdadeira espiritualidade que para mim tem tambem o nome de liberdade..."
Liberdade de ser e dizer de discernir de aceitar e compreender etc...
Obrigada pelas suas palavras e pela dinâmica criada a partir das nossas experiências!
rosa leonor