O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, maio 30, 2008

cobardia heróica...

As concepções de inferioridade da mulher povoam toda a história da humanidade. Desde as narrativas míticas, de que o mito de Pandora é um exemplo, a mulher tem sido considerada não só como inferior, mas também como uma ameaça constante ao homem. A concepção Aristotélica da inferioridade física e moral da mulher (por falta de calor e excesso de humidade) foi uma das mais influentes da história ocidental. Mas as concepções de inferioridade da mulher multiplicam-se, mesmo nas sociedades que não sofreram a influência grega. Uma pergunta inevitável é: porquê? Porque é que a mulher sempre foi vista como inferior e, de algum modo, perigosa? Porque é que os homens se esforçaram por dominar as mulheres?
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Nalgumas tribos existem mitos segundo os quais a superioridade do homem foi antecedida pela superioridade da mulher, superioridade esta de tal modo tirânica que justificaria a dominação presente do homem. Um exemplo de um mito deste tipo pode ser encontrado na tribo dos Ona estudada por Anne Chapman [...]
(...)
A angústia da paternidade é apresentada por Rousseau como a justificação da dominação da mulher pelo homem. Rousseau exprime essa angústia no estilo eloquente que lhe é usual:

"Se há um estado horrível no mundo, é o de um desgraçado pai que, sem confiança na mulher, não ousa entregar-se aos doces sentimentos do seu coração, que duvida, ao beijar o seu filho, se está a beijar o filho de outro, a testemunha da sua desonra, o usurpador do bem dos seus próprios filhos. Neste caso, o que é a família senão uma sociedade de inimigos secretos que uma mulher culpada arma, um contra o outro, forçando-os a fingir amar-se mutuamente?" IN Emílio, 186.
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A angústia da paternidade parece assim ser a resposta às perguntas iniciais: Porque é que a mulher sempre foi vista como inferior e, de algum modo, perigosa? Porque é que os homens se esforçaram por dominar as mulheres? O esforço masculino de domínio sobre o feminino parece ser uma tentativa de evitar a angústia da paternidade. Afinal a sabedoria popular portuguesa diz: "Filhos de minhas filhas meus netos são, filhos de meus filhos serão ou não".
Sara Bizarro sarabizarro@yahoo.com
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TEXTO ENCONTRADO ATRAVÉS DE: http://maraoluar.blogspot.com/

5 comentários:

Luíza Frazão disse...

Sim, só a angústia da paternidade me parece estar na origem de uma tão universal dominação sobre a mulher. Para Riane Eisler o problema começou com a propriedade privada. Mas e nas tribos africanas, por exemplo, onde a noção de "propriedade" e herança não serão bem como por aqui? Aliás, por lá há casos em que o irmão da mãe é que ocupa a posição do pai, exactamente pela incerteza da paternidade. Esta é sem dúvida uma história com um enredo intrincado. Mas não vale desistir, ter que ir tentando perceber...

Lealdade Feminina disse...

É importante entender os mecanismos dessa mudança, mas ainda mais imperativo é alterar o rumo do nosso futuro como espécie...
os homens de tem encontrar o seu devido lugar... hahahaha...
e finalizar o patriarcado com um golpe certeiro: AMOR...

Lealdade Feminina disse...

eu respondi tbm na Marian...

rosaleonor disse...

já vi e também
ja lhe respondi...

rl

En!o disse...

Porque as mulheres se sentem sexualmente mais atraídas quando não estão se sentindo responsáveis pelo encontro, e os homens também são bombardeados de hormônios sexuais como a testosterona. Então biologicamente toda mulher presa num um homem ou ser, que este possa "dominá-la" ou convencê-la a partir das inúmeras provas de força que cada uma mulher escolherá como vantagem para sua sobrevivência e dos herdeiros. Lembrem-se de que a força não se manifesta só de uma forma bruta ou com a violência física, a mulher também é forte e aplica suas formas mentais de dominação tanto quanto o homem.
Num mundo mais mental virtual e hedonista como o de hoje em muitos momentos a mulher acaba por ter inclusive muito mais força ou poder de expressão do que o homem.