O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, junho 04, 2008

AS ELEIÇÕES E OS LÍDERES...

“Os políticos são actores. Os líderes de todas as coisas são actores.

A vida é um enorme palco e cada homem um actor, um espectador. Um bom discurso de palco é a solução de todas as coisas porque os operários têm fome de pão, mas também de palavras doces. Masca a raiz mágica que torna a voz limpa, audível e convincente:
(...)


Liberta a voz mágica, hipnotizante, emocionante. Fala. Promete melhorar as condições de trabalho. Aumento de salário. Segurança social, assistência médica e um sem-número de regalias.


(...)


Faz promessas. Cada palavra é uma gota de água sobre o fogo. Os operários, embriagados pela beleza do discurso, abanam s cabeças e aplaudem. Não há coração que resista ao discurso de mel. Palavras. Palavras mortas preenchendo vazios, preenchendo espaços. Palavras doces, elogios. Palavras frias, de hipocrisia. David diz palavras reconfortantes.”(...)





In O SÉTIMO JURAMENTO
DE PAULINA CHIZIANE Ed. CAMINHO


2 comentários:

Anónimo disse...

Diria que há muito perdi o interesse por este mundo exterior!!! Quando se engole a ilusão à exaustão, um dia vomita-se!!! Sendo assim, já não consigo olhar as coisas de forma normal ou comum. Isto quer dizer que é como se as coisas se tivessem tornado vidro aos olhos (a carne virou vidro), e só consigo enxergar os bastidores. Não é bonito, não senhora. É assustador!!! Então vejo tudo como uma enorme carraça, cheia de furúnculos que actuam como aspiradores. O sangue sugado por essas carraças está todo contaminado e quando passa pelas cabeças das massas colectivas deixa veneno que prolifera.
É tudo um teatro. Nesse teatro desenrola-se a cena que só tem a haver com os interessados e que por sua vez, como muito bem diz esse texto, serve exclusivamente aos actores. A parte problemática é que os espectadores, seres atrofiados e cuja vida não foi tão enriquecedora, esclarecida no alfabeto, no acesso ao poder social, económico… vergam-se extasiados, como se o Deus tivesse incorporado neles (os que representam em cima do palco) e pudesse dar a cada um deles tudo o que desejam. É como se a “caraça” dissesse «Vem a nós, somos a tua salvação! Somos o deus tornado realidade. O verdadeiro Deus, que na verdade se chama César e está acima de todas as coisas. Somos a única verdade e realidade. O caminho está em nós e em nós tens a imortalidade a troco de seguires o nosso reino!» Pois é, vendem a imortalidade da conquista, a única coisa que lhes interessa, mas jamais vendem a eternidade, este outro conceito tão longínquo que não pode caber no neurónio de um servidor de César!
Bem que os orientais tem tanta razão quando mencionam a palavra “Maya”. Porque na realidade é sempre a mesma cantiga… e os anos, séculos passam e a terra continua a dar frutos podres à conta de uma camada de idiotas com ideias de servir melhor um mundo!!! O único ideal que perseguem de facto, para além do dinheiro e sexo, é – O PODER – … o poder sobre as massas e é isso que parece ser a verdadeira fábula de encantar!! É o PODER, e são essas cinco letras que de facto buscam, tornando o dinheiro, sexo secundário. Vejamos… PODER… e se tirarmos a barriga ao P, teremos um F e esse “efe” implica que poder é foder todos como quiser!! Para entender o que quero dizer, vejamos que o dinheiro, sexo não é sempre a questão principal para quem aspira ao poder, embora muitos partem da permissiva que o dinheiro é o verdadeiro poder, mas enganem-se… já que isso é só uma pequena nuance do que se esconde verdadeiramente por detrás da avidez de deter poder!! Quem pensa em grande, pensa na Palavra Poder, quem pensa pequeno, pensa na Palavra Dinheiro para então ter poder!! Nesta última, quem pensa assim, é de facto o povo. Só que actualmente está tudo misturado e tudo é quase confundido, ou seja, dinheiro é símbolo de verdadeiro poder. Veja-se que só estou a mencionar sobre o Poder de César e nada mais. Partindo da analogia de quem pensa pequeno, não é de admirar que vejamos as massas a aplaudir o rebanho instalado no palco. O absurdo é tão grande, que há poucos dias pude assistir de olhos esbugalhados por breves segundos, ao autentico desfile de “portugas” no enlace da sua “tropa” futebolística!! Pergunto-me «o que é que esse reinado de futebolistas e de futebol pode contribuir para um mundo melhor?» Eles são, senão ícones de uma projecção que o povo deseja, e acredito que se algum deles, pedisse a um desgraçado que lhe desse 10 euros para ir tomar uma bica, acredito do alto dos meus cabelos, que lhe daria. Mas o inverso, não aconteceria!! O pedinte seria considerado abusador!! Por isso o povo não pode pedir nada, só é bem recebido se louvar a legião de poderosos que vão a caminho de mais poder e manipulação de massas.
A verdade é que aquele que detêm poder, pensa sempre que é abusado, isto quando alguém pede alguma coisa, mas o contrário não. Por isso o povo segue servil, e os que governam gostam… se algum vira ovelha negra é logo diagnosticado como um tipo que sofre de lepra!! Um tipo que sofre de lepra não pode ser um bom servidor de César, o Senhor todo encantado que sempre jura a pés limpos e juntos e erguido diante de todos...
Esse texto aí, é uma metáfora sibilante de como um dotado de palavra, consegue corromper as massas e conduzi-las ao verdadeiro César!!! Quando escreve: «liberta a voz mágica, hipnotizante», ele se ergueu sobre a multidão e ofereceu o próprio pão vomitado da boca do diabo e o povo extasiado, julgando ver a salvação louvou e acreditou!!
- LA de M&D -

Anónimo disse...

Minha amiga, não tinha percebido que era a minha leitora de M&D...Gostei imenso do seu texto e sinto-me em absoluta sintonia consigo.Tínhamos muito que conversar...
um abraço

rosa leonor