O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, junho 21, 2008

O MEDO ANCESTRAL DAS MULHERES

A atitude depreciativa que muitos homens têm em relação às mulheres é uma tentativa inconsciente de controlar uma situação em que ele se sente em desvantagem; muitas vezes ele procura eliminar o poder da mulher, induzindo-a a agir como mãe. Dessa maneira ele é liberto em grande escala do seu medo, pois na relação com a sua mãe quase todo o homem experimentou o aspecto positivo do amor da mulher. Mesmo assim não está totalmente livre de apreensão, porque ao fazer com a que a mulher seja mãe dele, ao mesmo tempo torna-se criança e está portanto, em perigo de cair na sua própria infantilidade. Se isso acontece ele pode ser dominado por sua própria fraqueza, e uma vez mais deixa a mulher o poder da situação. Consequentemente, a maioria dos homens aproxima-se de uma mulher com medo, não obstante seja um medo inconsciente, ou com a hostilidade nascida do medo ou, talvez, com uma atitude dominadora, para arrebata-la de um golpe. “ *

* In OS MISTÉRIOS DA MULHER
M. Esther Harding

O que explica a maior parte das aberrações sexuais do homem, assim como a sua misoginia e a violência doméstica, parte do flagrante exemplo das religiões que, no caso da religião católica, referem a Mulher Eva, como fonte do mal e do pecado, depois retiraram a imagem de Maria Madalena como companheira e discípula de Jesus, negando o seu papel preponderante nos Evangelhos, transformando-a deliberadamente em “pecadora” para fazer prevalecer a ideia de uma Deusa Virgem, como Mãe Imaculada...
Daí termos nos nossos dias ou uma mulher infantilizada, amputada da sua sensualidade e do seu poder pessoal, ou a mulher dividida em dois estereótipos, a santa e a pecadora, que se digladiam entre si (a esposa e a "outra", a nora e a sogra) e torna as mulheres em geral, rivais umas das outras...

A verdade é que o facto de o dogma católico ter separado logo à partida a sexualidade da espiritualidade, querendo associá-la exclusivamente ao instintivo, digo aos baixos instintos, e ao pecado, negando-a como uma expressão natural de ligação do ser humano com a Natureza e o Cosmos, o que deveria acontecer numa dimensão superior à mente racional e à matéria, numa visão transcendente, ela é hoje considerada apenas um aspecto do ser orgânico, desligada da espiritualidade que é por sua vez encarada como um mito pelos ateus ou um dogma pelos crentes. Deste modo, cavou-se um fosso e uma cisão ainda maior entre homens e mulheres e a expressão da sua sexualidade, impedindo-os de atingir uma plenitude a partir da base para cima, da Terra para o Céu e compreender que o que está em cima é igual ao de baixo …

A partir dessa cisão, até aos nossos dias as confusões da sexualidade, as suas variantes cada vez mais aberrantes, desde a violação, nomeadamente a violação sistemática das mulheres às sevícias e abuso de crianças em todo o mundo não parou de crescer. Os mais monstruosos casos que hoje em dia os midea em geral e a televisão divulga e que com a maior hipocrisia mostra espanto, são a prova disso sem que ninguém queira perceber que afinal é isso mesmo que o mundo mediático divulga todos os dias nos seus filmes de terror ealimentando as populações com essas monstruosidades...
rlp

2 comentários:

Sirius disse...

Posto aqui um texto elaborado por uma amigo que muito tem ajudado, e com ~exito, as mulheres a se libertarem de si mesmas e das suas circunstâncias.

A Escada para o Céu

Em algum ponto ao longo das migrações

Seguindo as trilhas da caça

Houve a domesticação dos animais

E desvendou-se o segredo das sementes

Alguns defendem que a domesticação

A partir dos filhotes capturados

Ocorreu sob o olhar das mulheres

Que ficavam no acampamento a cuidar da prole

A agricultura também seria fruto das mãos femininas

O melhoramento dos grãos pelo olhar

Sempre mais atento a certos detalhes de aparência

Moldado desde o ventre pela mesma testosterona

Que dá a objetividade, a agressividade

O “jeito macho” de ser e a força para as caçadas

No que é hoje o Iraque, a Síria e o Irã...

O mistério dos capinzais que cresciam naturalmente

E o trigo, o centeio, a aveia proporcionaram

O milagre do pão precedido pelas bênçãos

Da cerveja – símbolo místico da transformação do grão

Uma dieta saudável, rica em vitaminas!

Trabalho em conjunto, abundância

Acúmulo das provisões coletivas em silos

Em armazéns que se transformariam em templos



Em algum momento deste processo

Propõe-se que o Matriarcado organizou essa sociedade

Antes dos registros históricos – das tabuletas de argila

A Mãe inspirara às suas filhas os dons que garantiam maiores alimentos

A Mãe que era cultuada em ritos de fertilidade

Cada mulher como um elemento de união entre o grupo

A reprodução coincidindo com o Solstício

O sexo grupal unindo o antigo grupo de caçadores e coletores

Que encontravam no pastoreio e na agricultura

Abundância e na partilha das mulheres a harmonia

A proximidade de sangue sendo amenizada pela troca entre os clãs

Os riscos de rejeição dos fetos (entre outros a eclampsia)

Atenuados pela prática do sexo oral

Pelo qual o corpo da mulher se familiariza com fatores presentes no sêmen

E o sistema imunológico reduz a sua resposta negativa

E o sexo entre parentes não muito próximos não cria problemas



Porém a sociedade que consolidou o nascimento da civilização

Não resistiu ao afluxo de outros grupos ainda sob a égide da caça

Ainda patriarcais em suas estruturas

A Deusa foi dividida em deidades menores, específicas

A cada uma outorgou-se um Deus masculino

De consorte tornou-se a cabeça do casal

Em casos extremos, como os hebreus, a deusa submergiu

Nos mistérios do monoteísmo

Junto com todo o panteão – mas ficou o nome Hagia Sofia

Em outras regiões – elas permaneceram e seus mitos esquecidos

Hoje servem de pistas para os psicólogos

Na compreensão da jornada que a humanidade precisa percorrer

No resgate da antiga harmonia

Uma história oculta nas lendas e nas antigas ruínas vazias

Cujos simulacros substituíram a escada dos céus construída

Na união mística plural em louvor à Deusa



Os templos sob a direção masculina

Confinaram as mulheres

Transformaram em prostitutas sagradas as antigas sacerdotisas

Eliminaram a comunhão coletiva da orgia

Que garantia a prole saudável e a paternidade coletiva

Pela submissão da mulher, pela negação do prazer

Pela criação do eunuco e várias formas de circuncisão

Esmagamento de um testículo dos jovens

E outras técnicas que tornavam menores os riscos da prole

Do macho dominante, ser na verdade fruto de ‘uniões ilícitas’...

A propriedade, a casta militar e a servidão do povo que laborava a terra!

A Mãe-Terra perdeu o caráter sagrado – este se transferiu à propriedade

Santificada pela força dos que oprimiam toda população

Aquilo que chamam os livros de História de modo de produção asiático.

As Deusas e o caminho para o Céu sob o Patriarcado

Deixou apenas as edificações de pedra

Cujos simbolismo pobremente relatavam

O poder antigo do Sexo Sagrado

Desprovidas do poder que só o corpo humano

E sobretudo a Natureza Feminina possui de proporcionar

Asas e domínio sobre a força da matéria

E levar a ascender do Corpo à Plenitude!



O Patriarcado se estabeleceu plenamente

E prosseguiu ainda mais quando vestiu os trajes do Cristianismo

Distorcendo os ensinamentos primitivos de amor tolerante

Um traço maternal – um Deus anteriormente severo

A oprimir mais e mais a sexualidade feminina.

O ápice no Ocidente se alcançou na era Vitoriana

As mulheres além de serem consideradas mentalmente inferiores

Fisicamente doentias e presas em espartilhos e modos asfixiantes!

Negadas ao prazer – restrito as prostitutas!

A extração cirúrgica do clitóris era justificada

Do mesmo modo que ainda hoje em certos círculos do terceiro mundo

A histeria era um dos sintomas

Que instigou os trabalhos de Freud!



E a obra de Jung que reencontrou os velhos mitos das Deusas.

E a libido feminina no bojo maior do imaginário humano oprimido!

Gerou lutas de transformação da sociedade como um todo

E dos direitos das mulheres especificamente

Revoluções políticas e comportamentais

Hoje a Mulher ainda se equilibra a buscar o seu verdadeiro caminho

A libido ainda é uma das forças a impulsionar essa construção

As antigas formas do prazer coletivo

Do companheirismo feminino

Do sexo como jornada ao sagrado

Forçam a sua aparição mesmo que em um contexto ainda dominado pela pornografia

Nada contra o erotismo – mas sim contra a degradação que a cultura

Em seu viés patriarcal ainda promove contra as antigas formas sagradas

Os filmes mostrando o sexo grupal, o lesbianismo, a tríade etc

Nunca mostram a ternura e a reverência que a mulher merecia nesses momentos

E, mesmo assim, sempre causa frisson entre os que apreciam esse tipo de produções!

Quando apesar de todo o caráter ‘industrial’ dos filmes

Surpreende-se uma atriz que verdadeiramente goza, atinge aquele ORGASMO

Que fascina sempre os homens, pois momentaneamente vislumbra-se

A face da Deusa – o caráter sagrado da realidade imanente

A possibilidade de uma sociedade em que harmonia e amor

Superem as noções de posse e status pela propriedade

Que baseiam a nossa sociedade consumista

Afinal sexo é experiência – e o orgasmo real não é um bem de serviço

A transcendência pode nos mostrar aquilo que realmente precisamos para viver...

Muito menos do que o mercado que nos oferecer

Muito mais do que ele está disposto a tolerar.

A jornada para encontrar a sua ‘deidade interior’

Para libertar essa mulher capaz de vivenciar a sua sexualidade

De não julgar as relações humanas de acordo com os parâmetros patriarcais de POSSE

Essa mulher continua a caminhar

Por mais estranho que possa parecer dizer isso

Mas no cotidiano, nas pequenas coisas da vida!

E diante de uma webcam, desvelando-se!

Em um perfil no adult – buscando parceiros ou parceiras

Experimentando ser louvada por dois ou mais homens

Só aceitando homens que saibam reconhecer-lhe a grandeza

E não apenas busquem mais uma trepadinha básica...

Como tudo que pulsa e é vital – as coisas se confundem um pouco

Mas é da Natureza da Mulheres, observa e encontrar o caminho

E cabe aos homens aprenderem a ouvir a sua própria ‘intuição feminina’

E não o que lhes adestraram sobre o ‘papel da mulher’

E quem sabe, assim, sejamos dignos novamente de louvar a Deusa

Através dos lábios e do templo que Ela nos proporcionou

Sob o véu carnal das companheiras que encontramos nessa jornada!


jtberso

Sirius disse...

Como tenho blogs diversos, apareceu esta denominação: T58, mas meu nome é Maria Célia De santi, por vezes aparece como Sirius, pois é um ot blog....