O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, julho 29, 2008

Não Basta Ser Mulher



"É preciso agir na política como mulher"
DE Rose Marie Muraro (Artigo para Folha de São Paulo)

(...)

"Calcula-se que a espécie humana tenha cerca de dois milhões de anos de vida, dos quais mais de 1 milhão novecentos e noventa mil anos constituíram a pré-história. O período histórico, isto é, a história como nós a conhecemos inicia-se cerca de oito mil anos atrás quando as sociedades se tornam sedentárias e começam a cultivar a terra graças à invenção dos métodos de fundir metais.

No mundo pré-histórico havia trabalhos de homem e trabalhos de mulher, que variavam de tribo para tribo. Eram trabalhos complementares: o princípio feminino e o princípio masculino governavam o mundo juntos. Contudo cuidar das crianças era trabalho de mulher e também do homem na maioria das culturas. Com o advento do mundo agrário começa também o domínio do mais forte. Na pré-história era a solidariedade, a parceria e a propriedade comum dos bens do grupo inteiroque regia todas as relações humanas. No período histórico este equilíbrio se rompe. Agora, o que domina é a lei do mais forte, a luta pela posse de mais terra que passa a ser o bem supremo. A guerra doravante é rotina: quem não mata, morre, quem não invade é invadido, quem não rouba é roubado. A partir de então é a lei da propriedade privada. A mulher, mais fraca, passa a serpropriedade do marido. Fica reduzida ao trabalho doméstico e a criação dos filhos. Já aqui é o princípio do masculino que domina o mundo sozinho. As leis, a economia, os impérios são feitos pelo homem e para o homem. Com a sociedade agrária começa também o patriarcado. A mulher só volta ao mundo público quando a tecnologia avança muito, na segunda metade do século XX. É aí que se cria a sociedade de massas e de consumo. Pela primeira vez em oito mil anos a mulher volta para o mundo público, no começo como serva do homem fazendo 2/3 do trabalho mundial e ganhando apenas 1/3 da massa salarial total. Isto foi descoberto há menos de 30 anos no Ano Internacional da Mulher(1975) e toda a reviravolta fantástica a que nos referimos ocorreu nesse brevíssimo período de tempo."(...)


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