O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, agosto 26, 2008

ISTO NÃO É JULGAR, É VER...


Ontem vi uma mulher jovem a submeter-se a intervenção médica para corrigir e aumentar os seios…

A Susana, chamava-se assim, tinha amamentado os filhos disse, e ficou com uns vazios nos seios que pretendia encher…falava de uma forma natural diante das câmaras e exponha-se de seios descobertos enquanto o médico fazia a geografia da operação riscando e escrevendo números sobre cada um dos seis, na pele nua dos seios, que só a esferográfica tocava… e a Susana mantinha-se impávida e serena…digo, o suficientemente alienada de si e do seu corpo para o poder deixar assim exposto e ser um mero objecto nas mãos dos médicos. E foi a frio que assistiu à operação pois não podia ser anestesiada, e assim assistimos à perfuração e introdução de um novo produto, semelhante ao silicone e que se vai com o tempo diluindo no corpo e de novo ela terá de voltar a fazer a operação…se tiver coragem, disse no final e certamente dinheiro, porque neste caso eu presumo que foi a televisão, mais propriamente a TVI e a clínica que organizaram aquela amostra e quem pagaram a operação e a rapariga foi apenas mais uma pobre e triste cobaia de uma publicidade deprimente e humilhante que promove a alienação da imagem do corpo sagrado da mãe e da Mulher….
Já noutro programa em tempos tinha visto esta aberração e a forma INCONSCIENTE como as mulheres se expõem a estas aberrações para erguer os seios ou aumentá-los e quem diz os seios diz o resto, o que quer que seja que a mulher mutila em si expondo-se na sua integridade física alterando a sua fisionomia ou forma física submetendo-se a dores incríveis e riscos de infecções químicas…

Quando há acidentes graves e surgem a necessidade de operações, há tanta pena e tanto sofrimento... Que eu não compreendo como as mulheres aceitam estas mutilações do seu ser a frio em nome da beleza…em nome do “amor” ou do prazer…que mulheres aceitam continuar a ser a montra do apetite sexual e do consumo.

Que mulher é esta que se transforma numa imagem estereotipada a troco de nada… ou apenas por uma aparência num palco, para agradar ao amante ou ao marido, ou por um estatuto efémero na ribalta da vida…
Esta mulher só pode ser a mulher sem identidade, a mulher fragmentada, a mulher dividida, a mulher vazia dela mesma…

A mulher perdida da sua essência…
É esta mulher que todas temos de resgatar em nós…
Para valorizar todas as mulheres, todas as mulheres que no mundo não são ricas, nem belas, nem artistas, nem modelos…
As mulheres como você e eu…que somos apenas mulheres que se valorizam por si mesmas e tem auto-estima suficiente para acreditar no nosso potencial e no nosso coração para amar, sem necessidade de operações plásticas…
rlp

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