O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, abril 14, 2009

Oh, coração ardente, precioso.


TERRA PERDIDA

Quando havia o poder de tocar fundo na terra e aí tocar o seu coração ardente. E com ele, todas as coisas. Naquele saber de alma a alma, de fusão. Ir pela estrada, e as árvores passarem ao meu lado (através de mim), ardendo em chamas.
Porque o que era dado ver e tocar, era a vida nua, desvendada.
E pensar: tê-lo possuído o Paraíso, no meio do inferno. Ah, as pontas dos dois cones que se tocam.
O Paraíso está então nesse centro, rodeado pelo inferno como círculo de fogo? (É então o Paraíso o coração do Inferno?) É a vida o preço do Paraíso? Consumida, depurada, ao passar esse anel de fogo?
A vida própria, para atingir a outra, a verdadeira?
Oh, coração ardente, precioso.
E depois, no fim, fugir pelo alto.

(16/3/1964)
in a Força do Mundo
Dalila Pereira da Costa

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