O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, maio 21, 2009

A MULHER UMA ESPÉCIE EM RISCO DE EXTINÇÃO

CORPO DE MULHER,
SABEDORIA DE MULHER
"...Ela canta a partir do conhecimento dos ovários, um conhecimento das profundezas do corpo, das profundezas da mente, das profundezas da alma." - Clarissa Pinkola Estes

"Do ponto de vista da medicina da energia, os ovários são o equivalente feminino dos testículos masculinos. Podem considerar-se "os tomates da mulher" porque representam exactamente a mesma coisa no mundo.
(...)
Para uma mulher, sair para o mundo, particularmente um mundo virado para os homens, também exige "tomates", mas ela tem de usar a a energia dos seus ovários. Não deve imitar os homens, porque os ovários e o respectivo campo de energia podem ser afectados de forma adversa pelo seu relacionamento com o mundo exterior."
(...)
in CORPO DE MULHER, SABEDORIA DE MULHER
de Christhiane Northrup
*
Como dizia no meu texto de ontem, o corpo da mulher tem uma especificidade própria e isso significa que a mulher tem uma função e uma forma de ser diferente do homem. O seu sexo virado para dentro, e os seus órgãos interiores, são diferentes dos homens…e para além de ter o Útero e conceber e alimentar no seu ventre a criança que se forma a partir do encontro entre o espermatozóide e o óvulo, que é um processo em sentido único e inerente à fêmea, no resto das funções são complementares, em nada superiores ou inferiores um ao outro. Simplesmente cada corpo-ser, cada forma, seja na procriação seja no prazer cumpre uma função e tem uma maneira própria, não só biológica como emocional e cerebral, mas têm o mesmo fim que é realizar essa complementaridade interiormente do ser macho-fêmea. E nessa união fusional têm como propósito mais elevado realizar o SER total, para deixarem de ser feminino ou masculino e ser apenas o SER EM SI. Quero dizer que o ser individual vai para lá da sua categoria biológica, sexual ou cerebral, para se encontrar no centro de si mesmo, independentemente de ser à partida homem ou mulher mas sempre através dessa complementaridade, dentro e fora. Admito que há variantes sexuais, questões endócrinas, mas à partida o processo mais natural e simples é o da complementaridade sexual. Pelo menos da perspectiva alquímica.

Temos descurado completamente, no plano prático, a questão iniciática da activação dos dois cérebros. Nada ou pouco sabemos acerca do potencial da activação dos seus hemisférios e vivemos apenas uma metade também. Usamos e desenvolvemos o lado racional e lógico, o masculino, mas o intuitivo e emocional, feminino, não. E ao relegar as funções do lado feminino, ridicularizando o emocional, rejeitámos as funções do hemisfério que lhe corresponde e assim negamos também essa actividade dupla do nosso cérebro.
Até hoje considera-se o nirvana ou o samadi e o êxtase como manifestações espirituais, separados do indivíduo e dos seus processos na integração dos dois em Um através, por exemplo, do orgasmo. Apenas o Tantra nos dá uma ideia da necessidade do encontro supremo da mulher e do homem enquanto formas sexos e princípios diferenciados cuja complementaridade é essencial. A Tradição patriarcal raramente evoca a mulher nesse processo quando não mesmo a retira completamente das suas “altas iniciações”… como nos processos ascéticos…nuns casos elevam-na ao céu sem a tocar na terra, outros banem-na simplesmente do mapa.
Quanto aos processos xamânicos desconheço com efeito as suas premissas e práticas a não ser a do lado da iniciação masculina, o caminho do guerreiro…E do que leio em Carlos Castanheda quando este se refere às mulheres é obviamente machista e até um pouco misógino. Sei pouco de mulheres xamãs, cujo testemunho é raro pela mesma razão que aponta Clarissa Pinkola quando diz que “A fauna silvestre e a mulher selvagem são espécies em risco de extinção” conforme se lê no texto abaixo. Portanto a função mulher e a consciência do ser mulher além de nos dar uma ideia adulterada do seu verdadeiro ser não está de forma alguma nivelada à do homem pela perseguição secular das suas qualidades instintivas que a mantinha em contacto com a sua natureza íntima e portanto com a Terra. Ninguém me pode vir dizer que a mulher moderna está apta para se exprimir no expoente máximo das suas qualidades intrínsecas. Ninguém.
rlp

1 comentário:

Ná M. disse...

Sim, sim .