O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, maio 23, 2009

OM MANI PADM HUM


"Quando a respiração verdadeira se instala, o sangue transforma-se em secreções que, partindo da zona intermédia dos seios, circulam por todos os canais e irrigam o corpo inteiro. Estas secreções vivem graças a que se nutrem do “leite de jade” (yuru) que não é mais do que o alento vital da respiração interna, que brota de dentro do corpo. A mulher sublima o alento por meio de movimentos circulares no interior do palácio central.* Os procedimentos correctos da via feminina oferecem um método exclusivo que consiste em fazer com que o mantra búdico om mani padm hum produza remoinhos no centro do corpo. Cada uma das seis sílabas está orientada de maneira concreta em relação ao centro do corpo, que é onde se situa o OM. Ao respirar a adepta faz girar em remoinhos este mantra, para que as cinco forças psíquicas das cinco vísceras subam e se reúnam na fonte.
(…)
Tendo em conta o que dizem as Dez regras da alquimia feminina, é importante que a mulher cuide e harmonize a sua força espiritual original. Os resultados são obtidos primeiro que no caso dos homens dado que, ao chegar à respiração embrionária, ela já percorreu dois terços do caminho. Mas tem de fazer agora o possível para que se abra a flor da sua mente-coração; e isso sobretudo através do cumprimentos dos preceitos. Quando esta flor se abre, emite a luz do corpo original. A mente-coração entra numa fase de absorção, a sua luz ilumina o tórax e o abdómen. Neste estado, quando o sol e a lua iluminam o caos com a luz que tudo ilumina, aparece o elixir de oiro.
Quando a adepta entra nesta fase de absorção
, é como se estivesse morta, tem a tez branca e parece que já não respira. Faz falta então que alguém vele por ela dia e noite – este estado pode durar de um a dez dias – e evite-se qualquer grito ou qualquer ruído que a possa assustar, pois a sua força espiritual poderia ver-se afectada e precipitá-la no abismo dos demónios e da loucura. Quando ela sai da sua absorção, a sua respiração nasal é recuperada pouco a pouco e a luz divina se desvela parcialmente. Então é quando há que chamar a adepta pelo seu nome em voz baixa. A partir daí, ela retoma a vida habitual, ainda que se mantenha alerta, pois os perigos não se podem descartar completamente antes que se cumpra a etapa seguinte: a etapa em que será capaz de fazer sair a sua força espiritual (original).


Taoísmo e Alquimia Feminina
(traduzido do espanhol)
Catherine Despeux


*Nudan shize, regra quatro, “por em movimento silenciosamente a respiração embrionária”…

2 comentários:

Cristina Fernandes disse...

O taoismo é a via da Universalidade... gostei muito deste seu post. Coloquei o seu blogue na lista do meu "Momento Certo". Espero que goste. Tudo de bom...
Cristina

Anónimo disse...

Tive uma experiência muito profunda ao traduzir este pequeno excerto...
Obrigada por ter colocado o meu blogue na sua lista...

um abraço

rleonor