O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, outubro 28, 2009

A HISTÓRIA MAL CONTADA...


De que é que o mundo mais precisa?

Emocionou-me ver, como que “por acaso” (eu sei que nada acontece por acaso) um vídeo de AMMA (nas Pistas do Caminho), a Guru indiana, que abraça multidões, abraça cada pessoa, demoradamente, uma a uma, apertando-as no peito e beijando-as no rosto…

Tive saudades desse abraço, desejei do fundo do coração esse abraço…
mas sei que esse abraço pode e deve ser o milagre inicial da vida na vinda de cada ser humano ao mundo, quando a mãe de quem nasce, o acolhe e acarinha e assim pelo resto da vida…o que acontece porém depois, quando o homem cresce e a mãe se torna a megera é que é a história de uma maldição, a história de um crime contra a humanidade, mas especialmente contra a mulher!

É a história dos homens em que a Deusa Mãe e a mulher foram abolidas pelos invasores das estepes, pelos sacerdotes guerreiros que destruíram o culto pacífico da Deusa em todo o lado, destruíram templos e assassinaram as suas sacerdotisas, perseguiram os seus fiéis de dia e de noite, para impor o deus da Espada, o seu deus sanguinário, acabando com todos os vestígios da civilização do Cálice baseada no amor, na justiça, na igualdade…
O Cálice foi destruído e a Espada imperou até aos nossos dias. A Espada tornou-se na bomba atómica ou na vacina da gripe A que não existe…
Essa é a cultura ocidental de hoje e a destruição do mundo natural, e a violência sobre os animais, mulheres e crianças é a herança dos bárbaros que nos invadiram e apagaram a Deusa-Mãe e a Mulher da nossa história.

Ver milhares de seres humanos em fila para abraçar uma mulher santa e viva, uma Mãe do Mundo ou uma mulher iluminada, ou ver milhares de fiéis ajoelharem-se em Fátima a rezar à Virgem Mãe, traz-me à memória e ao coração a lembrança da Deusa Mãe quando Ela ERA uma realidade na vida de cada ser humano…e sinto que se as mulheres de hoje forem capazes de acordar para o seu poder inato maternal e feminino, uma por uma, esse amor e consolo seria de novo oferecido como um dom à humanidade de hoje, em cada casa, em cada lugar!
Não seriam precisos milagres, nem seres iluminados para dar o amor que todos necessitam e que todos deveriam ter naturalmente…

Os homens teimam em não querer ver que o que eles fizeram e continuam a fazer nem QUEREM reconhecer que o que falta no mundo é a Mulher: a mulher verdadeira, aquela que os seus antepassados mataram e impediram de ser mulheres! Teimam em não ver que esta mulher que eles criaram não é a mulher que “deus” criou, mas a que eles criaram à sua imagem e semelhança! Uma mulher passiva, amarga, submissa, histérica, uma mulher vazia e escrava deles, ao serviço da procriação e da sua luxúria, do seu poder, sempre condenadas, violadas e exploradas em todas as partes do mundo.

Mas se todas as mulheres do mundo acordassem e permitissem que essa centelha de amor da Deusa acordasse em si e as tomasse interiormente poderiam despertar nelas essa compaixão imensa por todos os seres vivos e coisas porque é sua condição natural e ela não tem outro propósito que não seja amar…esse potencial foi negado e foi suprimido dos lares e das sociedades antigas porque os conquistadores e os padres assim exploravam melhor os outros homens como escravos e soldados …
Suprimindo a Mãe eles criaram monstros, revoltados…a começar por eles mesmos – alguns dos mais famosos mataram até mesmo as suas mães…

A solução do mundo portanto nunca será nem pode ser uma só Mãe, que abraça milhares ou milhões de pessoas em todo o mundo, apesar de compreensível a necessidade de amor e consolo, mas sim o acordar desse Feminino Sagrado resgatado em cada mulher deste mundo. Doutra forma nunca o mundo poderá voltar a ter equilíbrio. Está mais do que provado e visto que quando as mulheres acordarem e algumas estão a acordar o mundo começa a mudar.
Porque serão só mulheres que denunciam a vacina assassina, A MAFIA MEDICAL? Médicas, freiras, ministras, enfermeiras, escritoras…
E porque é que eu digo que a solução só pode ser quando cada mulher acordar por si mesma?

Porque cada ser humano precisa para si desse amor de mãe e da mulher em particular e não é pois o amor de um Guru ou de um/a Mestre, por maior que ele/a seja que nos salva com o seu abraço ou porque nos ama à distância!

Cada mulher pode amar com esse amor infinito de Mãe dentro dela porque ela tem o poder de logo ao nascer abraçar e beijar a sua criatura e a consolar das dores da encarnação. É aí que a alma é salva pelo amor da mãe que a concebe e cuida até se formar como ser autónomo…Mas não é assim que acontece há milhares de anos porque foi precisamente esse amor que os homens mataram ao matar a mulher e a Deusa. Por isso a humanidade está doente…

Por mim creio que se as mulheres despertassem para o seu potencial adormecido, se acordassem da anestesia forçada que é as suas vidas, se perdessem o medo de perder a protecção e a “mão do pai”…se se abrissem para a sua força anímica profunda, para a sua liberdade elas podiam salvar a humanidade a curto prazo…

Creio piamente que só as mulheres poderão salvar a humanidade do caos em que ela se encontra.
Isso acontecerá quando cada mulher acordar para a Deusa dentro de si, sem conceitos, sem medos, sem rituais, sem dogmas, sem crenças nem religiões, sem mestres nem gurus, mas por elas mesmas poderão enfim ser as Mulheres por excelência e as Mães da Nova Humanidade que esperamos.

Esse trabalho em cada mulher começa com a descida às profundezas da psique e da alma feminina. Começa na descida consciente aos seus abismos e ir ao fundo de si mesma resgatar a sua Sombra, o lado negro que persiste e a atormenta, mesmo que ela o queira ignorar, e trazer à superfície o ouro que é essa lama do esquecimento alquimizado pelo seu sofrimento secular. Só assim ela poderá resgatar e reconquistar o lugar que lhe foi roubado pelos patriarcas do deserto e fertilizar de novo os campos, amar as árvores e as plantas, respeitar a Terra e dar-lhe o seu sangue renovado, construindo de forma pragmática os alicerces da nova comunidade humana de seres amantes e autónomos. Um mundo de homens e mulheres livres…

RLP

Adenda:

Eu não tiro o mérito a Amma nem a nenhum ser iluminado que ajude a consolar as dores do mundo, que prometa o Nirvana ou a libertação, mas não posso deixar de ver que esse amor tem de ser de cada ser humano nesta vida e não apanágio de alguns seres especiais que nos vêm salvar, ou ensinar a amar e a perdoar...isso seria cair na mesma armadilha em que o patriarcado nos fez cair... ver deus fora e não dentro!
O Amor tem de acontecer ao nascer e ao viver ao lado de quem amamos...e eu só vejo a Mãe como geradora desse amor...quando ela for livre e respeitada.

Por outro lado A iluminação pode ser um ob
jectivo na nossa vida numa sociedade sem amor, de violência ignorância e injustiças, justamente porque faltou esse amor da Mãe e da Natureza, o Amor da Vida, a Consciência desse milagre que é a vida e o corpo humano e porque em vez desse Amor o ser humano só encontrou competição e ódio... O Amor é pois sem dúvida o único propósito, mas como iluminação interior, como acontecimento real e não um amor de outro mundo, no Céu ou de um deus que nos salva e que está fora de nós, mas o amor vivo e vibrátil que bate no nosso coração porque estamos vivos e é assim com todos os seres humanos que amam e são amados, esse é o propósito...
Estes seres excepcionais como a Amma e outros seres que amam desinteressadamente só nos provam isso...mas ela aponta para o nosso coração...e não para fora...como outros Mestres o fazem!

Um caminho não se pode fazer por carência...mas por amor vivido dentro...
rlp

3 comentários:

Anónimo disse...

Pode a mulher cristã, muçulmana, judia incorporar a mulher verdadeira, uma vez que segue as religiões que tratam a mulher como apendice do homem, como mero detalhe da criação do deus todo-poderoso, criador do ceu e da terra e do filho único e profetas,? A mulher que é nada mais do que uma serva e um útero para incubar mais filhOs para o deus?
Podem essas mulheres se tornarem mulheres de verdade, ou por seguirem essas religiões estão sempre reenforçando a sua prórpia inferioridade?
Não vejo saída para mulheres cristãs, judias e muçulmanas, por mais liberais que possam ser as interpretações que alguns queiram dar aos seus livros sagrados. Uma vez que os homens ao crerem no deus único, estão crendo em última análise na sua superioridade, por serem os filhos e herdeiros do mundo, os preferidos do pai,; as mulheres que abraçam essas religiões estão a todo momento e sempre reafirmando todas essas crenças para o homem e avalizando a sua propria inferioridade perante eles. E assim sendo, nenhuma delas estaria apta a deixar que a Mãe tomasse conta delas. As católicas ainda podem ser consolar com Maria, mas Maria é também submissa á vontade do deus e é esse modelo que as mulheres católicas vão seguir.
O único caminho onde a deusa pode se manifestar é no paganismo, mas esse vem tão entremeado de preconceitos, que todos os monoteistas, até mesmo os mais liberais o rejeitam, porque abraçar ou tolerar o paganismo, é o mesmo que rejeitar a idéia do deus único ( rejeitar O deus único é rejeitar o homem em si ) e isso não pode ser permitido pelos donos das religiões. Porque se permitirem isso, a Deusa terá que forçosamente tomar o seu lugar e o homem não poderá mais acreditar em sua superioridade, que mesmo para aqueles desprovidos de qualquer poder nesta terra, ainda é um consolo acreditarem-se superiores as mulheres e a todas as criaturas que vivem e ainda achar que compartilham da divindade do deus, somente por serem homens, enquanto nós mulheres temos que a conquistar a duras penas.

rosaleonor disse...

cURIOSAMENTE EStava a escrever um texto em que este seu comentário se insere perfeitamente. Gostaria de o publicar em conjunto. quer dizer-me o seu nome? ou ponho anónima?


Um abraço e o meu agradecimento profundo.

rosa leonor

Anónimo disse...

Pode colocar anônima. Eu é que agradeço. Abraços.