O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, outubro 20, 2009

O NOVO MUNDO


Este mundo de insinceridade que existe dentro de nós, é uma coisa assustadora – nas nossas células, nas…oh! …
Mère

Nos pálidos confins onde a Matéria e a Vida se reencontram… um sinistro mundo pigmeu… Onde essa maldito feitiço tem a sua origem

Sri Aurobindo

"O novo mundo não é uma fuga – é uma conquista. Uma conquista bem difícil, mais difícil que a conquista do Sahara ou a ascensão do Everest -esses são jogos de crianças. Não tenho o hábito de exagerar. E se tu não és capaz de fazer essa batalha agora, onde te encontras, não serás capaz de a fazer mais tarde – é agora que tu passas a prova (ou não a passas).

…E isso torna-se efectivamente perigoso, porque o Novo Mundo não tolera um segundo de traição, nem um grão de pó de mentira – senão não se passa, e ele põe-nos fora e sabe ser perfeitamente brutal. Antigamente falava-se de “dragões” e de “serpentes” que guardavam o “Tesouro” – é uma tradução imagética do real. Tu não brincas com um dragão; se tu não fores puro, ele queima-te. Portanto a batalha é a pureza, é a sinceridade, é a honestidade, a simplicidade verdadeira e divina, senão és posto fora, e a segunda vez será pior do que a primeira. Não nos aproximamos das coisas graves e sérias sem perigo – mas o perigo é só para a insinceridade e para a impureza.

…Em que é que consiste a Batalha? É muito simples. O Sistema geral mundial, nós conhecemos (quer dizer, alguns conhecem; aqueles que tentaram sair). Esse Sistema, ele é cruel: forças implacáveis e muitíssimo malévolas estão em cada canto da rua a barrar os que vão “contramão”, e se tu estás em contramão, o Sórdido começa a mostrar os dentes. Mas se tu caminhares em passo cadenciado o Sórdido faz-te sorrisos e até as suas graças: ele chama-se Justiça, ele chama-se Poesia, ele chama-se Religião, ele chama-se Ideal – ele põe todas as máscaras para esconder a verdadeira história, a história sórdida. A mim, tiram-me bruscamente as máscaras aos 20 anos * (nos campos de concentração nazi onde o autor esteve ano e meio por fazer a Resistência) – e eis que passaram 40 anos em que eu vou em contra-mão. Eu conheço a cena.
Portanto, quando se tem coragem e se é um pouco obstinado sai-se do Sistema.
(…)
Então, o Novo Mundo, consiste em desenraizar o Sistema de dentro de nós.
E finalmente o Sistema que tem raízes até no código genético e no fundo de cada célula, porque nós somos os filhos do pai que era o filho dos antepassados-pais que eram…toda a santa igreja e todo o seu Santo Horror. Tu compreendes a dimensão da Batalha?

Portanto se tu ainda queres vir para a rua de metralhadora na mão
, bateres na pesa com o punho, escrever poemas e dizer “Eu-mim” (MOI-JE) tu estás completamente do lado dessas Forças cruéis – tu farás a poesia da revolta e o soberbo romance do EU-EU, de que és uma ridícula marioneta. Para essas forças a Revolta é tão boa com a submissão, o Mal é tão bom como o Bem e o Amor (digamos) tão delicioso como o Ódio. São essas as duas máscaras do Sórdido. E o “Moi-Je” (o eu-mim) é o suculento fantoche dessas forças. A porta de saída deste atroz Sistema começa quando pomos fora de nós este famoso “Eu-Mim”, porque de todas as maneiras este famoso eu-mim, é somente o “eu-mim” do avô, do bisavô e de toda a santa tribo – e é preciso sair da Tribo radicalmente. "
*
La Vie Sans Mort – Saprem – Luc Venet

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