O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, setembro 27, 2010

AS TENDÊNCIAS CULTURAIS DA MULHER


NATÁLIA CORREIA
HOJE EM DIA nenhuma mulher publica se exprime e tem a liberdade de ousar ir contra o sistema de pensamento instituído e o politicamente correcto como esta mulher foi capaz. Capaz de pensar por si, de desafiar os preconceitos sociais e académicos e ter a lucidez que só uma Mulher integrada pode ter. É única na abordagem da Natureza Mãe, que eu conheça, como escritoras em Portugal, capaz de relacionar factores escamoteados e escondidos na cultura moderna...e antiga. O Paradigma da Grande Mãe...e o feminino sagrado, para mim associado à Deusa e ao tempo em que o mundo girava não à volta do umbigo dos Homens mas do Útero da Mulher...da Vida e da Terra!

As escritoras da moda e de sucesso na nossa praça estão muito longe dessa profundidade e ligação intrísica ao seu Feminino profundo, à sua alma e continuam a falar em nome do Homem e para os homens...Por isso acho genial e admirável que uma mulher e escritora e política tenha falado nestes termos.



"A mulher deve seguir as suas próprias tendências culturais, que estão intimamente ligadas ao paradigma da Grande Mãe, que é a grande reserva, a eterna reserva da Natureza, precisamente para os impôr ao mundo ou pelo menos para os introduzir no ritmo das sociedades como uma saída indispensável para os graves problemas que temos e que foram criados pelas racionalidades masculinas.


É no paradigma da Grande Mãe que vejo a fonte cultural da mulher; por isso lhe chamo matrismo e não feminismo.


É aquilo a que eu chamo o cansaço do poder masculino que desemboca no impasse temível do tal equilíbrio nuclear que criou uma situação propícia a que os valores femininos possam emergir, transportando a sua mensagem."


NATÁLIA CORREIA, in Diário de Notícias, 11-09-1983

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