O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, abril 08, 2011

MULHERES NO MUNDO, QUANTAS?



AS MULHERES AGUENTAM METADE DO CÉU.

(provérbio chinês)


Mulheres no Mundo, quantas…


Mulheres que não ousaram nunca, que não ousam ainda dizer… que não falam, que não têm voz ou falam por falar…como as galinhas, dizem os homens…e que não sabem nada de si, que não têm identidade, outras nem cédula de nascimento…

Quantas?

Mulheres que mal ousam segredar na noite a sua vontade e o confuso desejo de prazer… mulheres que são levadas ao paroxismo da solidão da dor e que só lhes resta estrebuchar em histerismo, em neurose...a tomar comprimidos pílulas e doses cavalares de calmantes e de analgésicos…

Vozes de mulheres silenciadas, no mundo, quantas?

Todas as mulheres caladas por força das circunstâncias de serem apenas mulheres, caladas pelo abuso, caladas na afronta e na desonra…caladas pelos pais, mães, vizinhos, tios e padres, caladas por vergonha, por leis e credos…


Quantas mulheres caladas que não puderam dizer nada do que sentiam nem o que pensavam: uma vida inteira a calaram no mais fundo delas mesmas a dor a pena e a revolta…e esqueceram e serviram maridos filhos e morreram sem nada sozinhas, abandonadas pelo amante ou pelos filhos... a quem tudo de si deram…

Penso na minha mãe e nas minhas avós e nas avós das minhas avós…há um século, cem anos, cinquenta e ainda hoje?

Quantas mulheres caladas ainda e oprimidas pela ordem de valores…caladas, sufocadas, oprimidas, entregues à casa, ao lazer, à canasta ou aos afazeres, donas de casa com dono, criadas com patrão, empregadas com chefe… obrigadas a cumprir o prazer do contracto nupcial, o horário de trabalho ou a paga pelos serviços prestados à força…voluntárias da desgraça e da miséria não só do corpo como da mente


Ah! Quantas Rainhas e aristocráticas...mulheres sós forçadas a vender o corpo para para terem um reino ou quantas desgraçadas só para terem de comer... quando não violadas, a serem violentadas no corpo e na sua alma, na corte, no casebre, todos os dias ou em cada esquina…

...mulheres esfaqueadas ou mortas de pancada e a tiro…

Quantas?

Mulheres esquecidas da sociedade e dos governos…mães silenciosas que nada pedem, mulheres deformadas pela miséria, pelos maus tratos da violência física e psicológica, inferiorizadas, desprezadas pelas outras… Mulheres pobres ou com subsídio mínimo não garantido…

Mulheres sós que morrem sós em casa quando têm casa…

Mulheres sós com filhos…viúvas do infortúnio…

Mulheres que sofrem horrores no mundo…


Quantas…

"METADO DO CÉU"

***

rosa leonor pedro

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