O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, novembro 17, 2011

A CONFUSÃO sobre a MULHER é geral...

"As mulheres são mesmo um mistério "
(…)
“ E as mulheres? Não tenho a impressão de que é possível agrupá-las em 3 tipos – e seus subgrupos – como fiz com os homens. Parecem portadoras de uma multiplicidade que nem elas entendem. Os homens as invejam porque consideram que elas teriam uma enorme facilidade para o sexo casual, já que estão sempre sendo paqueradas por alguém (o que não acontece com eles, que têm que ir atrás). A grande maioria delas não se interessa por isso, apesar de adorarem se exibir e atrair olhares. Parece que o prazer exibicionista é suficiente para elas, o que não faz o menor sentido para os homens. Outras têm medo de sua exuberância sexual e tratam de se deformar: engordam demais justamente na mocidade, descuidam de outros elementos de sua aparência. Outras se queixam da falta de orgasmo e a grande maioria nem percebe que o orgasmo não lhes provoca a saciedade parecida com a que acontece com a ejaculação masculina. Buscam mesmo é o sexo associado ao amor e fazem, cada vez mais, o discurso pela igualdade que pede o sexo sem compromisso. Isso justamente quando os homens jovens estão se desinteressando disso. Mulheres homossexuais, diferentemente dos homens, preferem relações estáveis e duradouras. Mulheres heterossexuais sozinhas buscam parceiros na noite e sempre se decepcionam quando não há continuidade. Apesar disso, continuam dizendo que é legal este jogo de sedução e paquera. Muitas são sinceras e se declaram desinteressadas disso e claramente buscando um parceiro fixo. Outras mulheres se divertem de verdade com o sexo casual e as suas amigas as invejam e não sabem por que não são como elas. Umas gostam de tomar a iniciativa na paquera enquanto que outras acham isso terrível.”

Flávio Gikovate



PORQUE NÃO SABE A MULHER DE SI?

Todas estas considerações podem estar mais ou menos certas, mas apenas analisadas à superfície. Como sempre, quer psicólogos quer sexólogos, parecem esquecer ou nem sequer perceber que na realidade o drama das relações ou o drama da mulher não é tanto a questão das duas metades opostas e complementares, homem e mulher, mas a questão da integração dos dois lados opostos em cada ser. Claro isso para psicólogos que não seja na visão junguiana é um absurdo...O feminino e o masculino interior de cada ser não é tido em conta nem a questão anima/animus. Isso para começar, mas na realidade temos de ir mais longe e verificar - coisa que nunca nenhum psicólogo se aventurou - que a mulher antes do mais é vítima inconsciente de uma cisão profunda na sua natureza ontológica e psiquica, uma cisão milenar e histórica, que faz da mulher um ser ferido no cerne do seu próprio ser e põe em causa a sua própria identidade: Esse facto, ignorado pela grande maioria dos "especialisas" é o que a leva no fundo as mulheres a atitudes descompensadas e histéricas, numa “multiplicidade” de carácteres, sem nunca se encontrarem no seu cerne, acabando por ter uma aura de "mistério" (ou confusão?), em relação ao homem, e tudo isto sem sequer ter em conta a criança ferida (em todos/as nós) e a forma particular como ela viveu a sua infância face ao masculino.

Ora nós sabemos que em todas as sociedades patriarcais, antigas e modernas, seja na China ou no Japão, na Índia, no Ocidente e naturalmente na Europa, que a menina é desde que nasce mal amada, (às vezes abortada ou morta como na índia) destituída de valor próprio, educada para se neutralizar esvaziar de sentido enquanto indivíduo e preparada exclusivamente para o casamento ou para um outro qualquer papel subalterno, como objecto sexual ou mera reprodutora, desvalorizada enquanto ser humano e sujeita a todo tipo de exploração sexual-laboral muito mais do que o homem...

Fico bastante impressionada como é que na nossa sociedade moderna há “especialistas” que simplesmente ignoram estes aspectos e fazem considerações de ordem psicológica e científica sobre as relações entre homem e mulher sem ter em conta um aspecto tão fundamental como este…

No final do artigo este autor confessa a sua confusão e acrescenta:

“ Bem, basta de confusão por ora. Gostaria de deixar claro que isso é apenas o início da conversa, porque as mulheres parecem ser portadoras de uma multiplicidade que surpreende a elas mesmas. A pergunta de Freud - "Afinal, o que querem as mulheres?"* - parece que não será respondida facilmente; e talvez seja mais difícil para elas dar a resposta do que para um observador masculino.”

- Poderá parecer mais difícil para as mulheres responderem a esta questão porque a mulher está realmente cindida em duas e às vezes completamente fragmentada. As duas partes de si mesma de que ela ou ELEGE uma ou NEGA, tendo de optar por uma delas ao longo da sua vida sem que nada disso seja claro e óbvio para si, dá-lhe um carácter fútil ou complexo e a própria mulher acaba sentindo-se absurda, estranha ou doente. O seu vazio existencial, o seu esventramento, de que é bastante representativo, o facto de se lhe tirar o útero ou os seios quase aleatoriamente, depois de cumprida a função maternal, corresponde ao silenciamento da voz secular da mulher atávica, da mulher ancestral e da Deusa.  A mulher nas nossas sociedades é simplesmente esmagada nos múltiplos conceitos e preconceitos sociais e religiosos que limitam as suas escolhas e opções e na sua própria vida em geral em que toda essa negação-amputação do seu ser íntimo e profundo a leva a crer que o que lhe falta é realmente e apenas o homem que a complete ou um filho que  a realize, pois é assim que foi educada, como ser incompleto simples costela tirada  de Adão…o seu dono e senhor como manda a Lei...

Esta é a moral vigente-decadente e a que está latente e prevalece no inconsciente colectivo. A isso nem Freud, nem nenhum psicólogo ou sociólogo deu resposta nem dará, pois só a mulher integrada a mulher que se reencontrar em si mesma e unir essas suas duas partes cindidas pelas religiões, poderá partir para o encontro consigo em consciência e  em plenitude e só depois poderá   estabelecer uma relação equilibrada e amorosa, com o homem ou se for caso disso, com outra mulher…

RLP (ESCRITO EM 2007)
*Frase atribuida a FREUD

2 comentários:

guiomar disse...

As mulheres querem muitas coisas, e uma delas é o respeito de todos sem esseção alguma, afinal é o mínimo que pode dar a elas, já que não tem com vocês mesmo. E vocês o que querem delas? Não se acham os espertalhoes? As mulheres merecem todo respeito de todos. Agora vocês sinseramente eu não sei op que querem.

guiomar disse...

A final o autor admitiu que não consegue saber o que as mulheres querem. Elas não querem muita coisa, é só os seus direitos, de viver como humanoos tambem. Elas querem ser respeitadas, pois afinal merecem como qualquer outra mulher. Na realidade eles acham que só as mulheres casadas merecem o respeito, estão totalmente enganados, pois mesmo vivendo por conta própria é justo que precisam de respeito.