O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, maio 11, 2012

Em que ao fundo brilha o horizonte certo.


PARA A AGRIPINA


Amanheceu a minha vida no teu rosto

 De uma doçura intensa e tão suave

 Como se um divino fundo nele brilhasse

 Eu era o que nascia soberanamente leve

 E encontrava na limpidez centro do equilíbrio

 Só em ti cheguei amanhecendo na minha madurez

 Entrei no templo em que a luz latente era a secreta sombra

 Foste sonhada por meus olhos e minhas mãos

 Por minha pele e por meu sangue

 Se o dia tem este fulgor inteiro é porque existes

 E é porque existes que se levanta o mundo

 Em quotidianos prodígios

 Em que ao fundo brilha o horizonte certo.


ANTÓNIO RAMOS ROSA,
in O TEU ROSTO
(Ed. Pedra Formosa, 1944)

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