O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, junho 15, 2012

uma menina de 4 anos vale menos que 40 euros para o tráfico de órgãos

"O OCIDENTE: UMA PODRIDÃO QUE CHEIRA BEM,
UM CADÁVER PERFUMADO."
Emile Cioran



MULHERES NA ÍNDIA...
 

(DEPOIS DIGAM-ME SE EXISTE CRISE NA EUROPA E QUE CRISE É ESSA?)


- Pode escrever o que quiser. Tenho muito mais informação para você, pelo menos sobre a Índia, pois e meu dia a dia, e é terrível.

 O aborto e permitido ate o 6º (sexto) mês de gestação. Como a maioria da população e muito, muito pobre, não têm acesso a pré natal (já trabalhei nessa área, em 2 vilas de "intocáveis" (dói a palavra, não?) fazendo pré-natal. E esclarecendo também. As mulheres, mesmo as de casta mais alta não fazem ideia de como são seus corpos. Eu ia para os vilarejos, com um quadro negro e giz e explicava com eram os seus corpos por dentro. Pouquíssimas faziam ideia do que era o útero, apesar da palavra,"garba" (útero) ser muito usada. Pensavam que o bebe ficava nadando dentro da barriga das mães... Não sabiam que possuíam uretra e vagina...Como a homossexualidade masculina, aqui, é altíssima, as mulheres sofrem com o sexo anal, e ficam cheias de doenças, hemorróidas E lacerações. Os maridos preferem o sexo anal com as esposas ao sexo vaginal...As mulheres não gostam de que os homens usem preservativos, (condoms), dizem que não é completo o acto...

Pois, voltando aos muito pobres, eles são a grande maioria. Quando nasce uma menina, se não a jogam fora, no campo, no reservatório de agua, eles não dão nome à criança, não perfazem os "samskaras" que são os rituais, (jamais esquecidos em caso de meninos), ou se dão um nome, é sempre um nome horroroso, abusivo, e a menina carrega esse nome a vida toda, sendo motivo de chacota...As meninas são as ultimas a comerem, depois do pai, Irmãos, mãe. E só se sobrar, elas comem...

Não lhes são dadas roupas no inverno. Nunca são levadas ao médico quando estão doentes. Agora, no Verão, aonde moro que é uma região semidesértica, borda com o Rajastão, estamos em seca, então, os pais colocam as filhas, sentadas sob o sol (50 graus, hoje) sem água, e cinicamente fazem adoração da menina, pois dizem que e Devi, (a Mãe) e que essa austeridade trará chuva. E claro que elas morrem. A primeira vez que me deparei com isso, agarrei a criança, estava a trabalho, nas vilas, e dirigia um Jeep, e fui para o hospital. Não deu outra. A polícia e os moradores da vila vieram atrás de mim, a menina deveria morrer para trazer chuva...
Isso nunca acontece com um menino. No sul da Índia há esse mesmo costume, são homens jovens, dentro de tonéis cheios de agua e com guarda sois e sendo alimentados, para trazer a chuva.

Bom, uma menina de 4 anos vale menos que 40 euros para o tráfico de órgãos, de que a Índia e a China são os campeões mundiais…
Se a menina e maiorzinha, 10 anos e vendida para prostituição, aonde tomará harmónios em doses cavalares, e depois será revendida ate morrer de aids. Ninguém quer ter uma filha, pois implica um "dote", custa de acordo com a casta, idade, cor, e ainda correm o risco de serem mandadas de volta pela família dos maridos, perdendo o pouco que tinham.

Tem muito mais, Rosa, vou aos poucos, se você quiser saber. Por isso estou angustiada com essa história de meu chefe estar "grávido" e não estar dando a mínima para as crianças (são 2000 crianças) que ele mesmo começou a tratar. Sinto-me só, pois sou a única estrangeira aqui, nessa organização, e os indianos, principalmente os Hindus, são muito cruéis...

Não jogo a toalha, mas saiba que não é fácil brigar diariamente por essas crianças, sem o suporte de alguém...
Vamos nos falando
Tenho que contar essas coisas para o mundo, a censura, na Índia e terrível...


 Uma amiga que vive na Índia

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