O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, abril 05, 2013

UMA SOCIEDADE MERCANTIL




É VERDADE...

(…) Nunca se falou tanto de sexo, nunca se viu tantos corpos nus espalhados por cartazes, e nunca o amor se portou tão mal!


Já não é João, dito, “ o Baptista”, que grita hoje no deserto e tenta desbravar novos caminhos, é uma mulher de certeza, a mulher de sempre, a mulher do começo, livre e poderosa, generosa, e que por isso mesmo amedronta os que só sabem sorver, possuir, e que do amor conhecem sómente a segurança ou a violência. (...)

Se o amor mete tanto medo, é em particular porque requer o abandono de si, a confiança cega, absoluta: aos olhos de uma sociedade materialista ele não é um “valor seguro”.

E depois, ele tem esse defeito horrível de estar aí, de ser dado e, para uma sociedade mercantil, o gratuito é simplesmente intolerável. E como por natureza ( por energia), ele é imenso e excessivo, como transborda os fragmentos de existencia que nós nos representamos, procuramos calcar o que nos ultrapassa ou fugimos a toda a pressa de medo que o querido-pequeno-eu não seja apanhado pela vertigem. (...)

(...) Conheço bem demais as armadilhas da palavra, a satisfacção dos intelectuais que pensam ter resolvido um problema porque fizeram um colóquio sobre este tema, desconfio das teorias e dos conceitos, para deixar acorrentar neles a vida, o amor. No fundo, é bem feito que o amor escape aos que nâo vivem nem nos seus corpos, nem no presente, nem no silêncio.

Jaqueline kelen

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