O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, julho 29, 2013

O ÚTERO QUE OS HOMENS TANTO INVEJAM


 
"O Princípio Feminino e o poder da Mulher  vem agora para quebrar as cadeias de todas as rotinas e tiranias"
 
Há sempre uma enorme "décalage" (desfasamento, discrepância...) entre as questões espirituais em geral e as questões da mulher na ESPIRITUALIDADE...e acertar ou clarificar o seu papel nela é muito difícil nas diferentes tradições...nomeadamente as cristã, hebraica e muçulmana, ou seja as religiões de origem judaico ou cristã.
Já todas nos apercebemos que o caminho espiritual que se diz ser  comum a todo o ser humano e dito normativamente do Homem, não inclui de facto a mulher como um ser individual, nem na sua nomenclatura, mas sempre e ainda  como mãe pura e sacrificada ao filho e ao pai ou então a pecadora, extraviada; ela é tradicionalmente oculta (e devia tapar o rosto na igreja cristã)e sem direito ao púlpito ou a oficiar rituais...A ela ficava e fica ainda entrega a limpeza ou os serviços de caridade...mas o espantoso hoje é que as mulheres continuam a seguir esses modelos e pautam-se por eles sem se diferenciarem das suas antepassadas submissas e ignoradas, pelos homens em geral e pelo clero e quando não (as insubmissas)  perseguidas ou dizimadas, ou queimadas nas fogueiras como na inquisição...
Acontece porém que aqui e ali começam já a surgir pequenos focos de insurreição feminina e que nada têm a ver com as antigas manifestações das feministas, nem das Femens ou das Marchas das Vadias - que mais não são do que focos de revolta e ignorância desse feminino sagrado e por isso destroem imagens de nossas senhoras e santas - mas sim de  uma nova consciência do feminino sagrado, ancestral e original, o da verdadeira essência do feminino,  em que a mulher se apercebe de que  afinal ela é um individuo completo antes do mais  e como tal não tem que ser aglutinada ao homem, nem depender dele para nada e nem precisa de copiar as suas práticas nem a sua linguagem, porque ela não é "igual" ao homem. Aí há quem defenda - ainda e quase sempre os homens - que a espiritualidade não se refere a sexos e que é igual para todos/as mas isso não é de todo verdade e cada vez mais isso se torna evidente para algumas mulheres...

A MULHER COMO MATRIZ E SUSTENTO

“As mulheres julgam muitas vezes que elas não servem senão para gerar filhos e que nesses corpos se vêm fixar as almas. Mas não! As mulheres são desde toda a eternidade a Matrizes e o Sustento de muitas outras coisas. Elas são antes de tudo o mais, as reveladoras do Conhecimento. O Princípio Feminino e o poder da Mulher vem agora para quebrar as cadeias de todas as rotinas e tiranias. Esse poder fala da “curiosidade imaginativa” sagrada e cria assim um espaço em constante expansão na Consciência da Humanidade. É aí que se encontra o verdadeiro papel da Matriz. Ela gera e alimenta “outra coisa” de  “doutra maneira” e é essencial e necessária para a Vida concluir a sua obra.”*
O GRANDE PAPEL A DESEMPENHAR PELA MULHER

"É por isso que eu vos digo, é preciso que a mulher veja a Mulher que ELA É em si mesma e que o homem  aceite nele próprio o seu lado feminino. O acordar deste mundo exige essa mutação! O Fogo feminino é um fogo da Terra, e reparem, se temos necessidade do Ar que vem do Céu, o inverso não se pode negar. Todos os que sabem ou entendem o que eu digo, veem que o Céu e a Terra se atraem um ao outro, que não existem independentes um do outro. Por isso é preciso que os homens aceitem este ensinamento e que as mulheres não temam mais desvelar a sua função...e só então o mundo entrará em metamorfose”.*

- A mulher já não tem como negar a sua individualidade nem um possível caminho do qual ela é afinal a iniciada por natureza e também ela a iniciadora do homem. Esse é um dos factores pouco conhecido e pouco mencionado. A mulher não aparece nessas vias de culto ou de devoção religiosa senão na sua anulação (as freiras) ou na negação do seu ser, porque na verdade a mulher não é iniciável...é preciso negar, rejeitar e apagar a mulher da vista de todos, porque afinal é ela que detém o poder de Mãe e a associação com a Natureza e assim o homem nega-lhe um valor e uma natureza porque afinal a mulher é ela a iniciada por natureza é ela a mãe e é nisso que se baseia  o medo e o perigo que ela encarna para o homem; ela não só o dá a luz como o inicia também ao amor da Deusa que por sua vez o religa à Terra e ao Céu e foi precisamente essa natureza iniciática da mulher  que lhe foi negada e é completamente escamoteada nos nossos dias porque essa foi a verdadeira razão que fez a sua exclusão e o o usurpar do seu papel pelos padres da igreja; assim sendo eles excluíram a mulher de um papel fundamental como nos processos iniciáticos da evolução da consciência (hemisfério direito) e a sua ligação com as forças telúricas e do cosmos. Assim, poucas ou raras tradições incluem de forma significativa a mulher e o seu poder. A única excepção que conheço é a védica que em geral e à sua maneira, parte muito da grande importância das deusas ...e é das cosmogonias  que mais respeita a Deusa na sua função Shakti e Kali...embora a mulher na India sofra dos mesmo ostracismo e abuso.

Rosa Leonor Pedro
* Omissão involuntária do autor das citações..

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