O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, agosto 17, 2013

A CARÊNCIA AFECTIVA


 
 
Mulheres de hoje e de ontem…

“SE hoje se ouve falar duma mulher que deixa o tecto conjugal, isso não merece mais do que um encolher de ombros. Mesmo sem abandonar a constância do matrimónio, as mulheres deixam a casa e ...vivem mais na rua e no emprego do que entre as paredes designadas como um lar. Mas o estado psíquico da mulher de ontem e de hoje continua a ser o mesmo: a carência afectiva é responsável pelos inúmeros transtornos sociais que não podem ser produzidos pela acumulação de um azar – um casamento malparado.
Carência afectiva é, na sua servilidade, uma catástrofe social. O objecto do grande sonho da vida é o amor. O amor raia o assunto do absurdo e que não tem por fim ser explicado nem se destina a significar qualquer propriedade útil como ter filhos ou proporcionar prazer. Um considerável número de mulheres amorosas não merecem o nome de libidinosas.”

Agustina Bessa-Luís
 
in O mistério da légua da póvoa

Sem comentários: