O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, novembro 25, 2014

O separar das águas...


AVISO  QUE SE PODEM CHOCAR
(quem tem ilusões sobre politica...e religião  vai achar este um discurso reaccionário...)


Há uma questão muito séria que queria partilhar convosco...mas que é mesmo séria demais para a deixar em duas linhas...
Trata-se de percebermos que a evolução da consciência de um ser e neste caso da mulher em si e como mulher não pressupõe qualquer mudança colectiva e exterior, nem depende dela... não implica que todas as mulheres tenham que evoluir em conformidade e no mesmo sentido ou forçá-las a caminhar ao nosso lado; as outras mulheres em abstrato e os seus caminhos não nos interessam mas sim a pessoa de cada uma de nós ao nosso lado sim mas por vontade própria e como ser individual.
Para mim não há já no meu espírito a ideia de uma mudança politica nem social ou económica...para este mundo, porque essa já não é a nossa luta, ouso dizer "nossa" à partida, porque é a mudança de dentro para fora que conta e em cada pessoa e todas são diferentes e não há padrões para aferir quem é quem nem onde está nem a que grau de realização se encontra...Não.
Ninguém pode depender de outrem ou de um movimento exterior para evoluir ao nível da sua consciência. Por isso digo que não há luta social ou política que nos ajude nisso, embora a possamos travar por conta própria e escolha, mas aí é muito difícil conciliar as duas coisas...gera-se a confusão e a desordem interior... Sem duvida que isto pode ajudar a definir as nossas posições logo a partida...e eu pessoalmente penso que nem sequer seja conciliável a evolução individual com a suposta evolução colectiva, de grupo ou de uma ideologia como esperança de um mundo melhor. Não. O mundo inteiro já passou por isso. Os ismos já não nos vão levar a lado nenhum. Nem as religiões...nem os deuses...ou os santos...Poderá haver a mudança de paradigma, mas isso é outra história...e talvez já o estejamos a construir por dentro de cada uma quando cada uma de nós tem essa consciência e faz a diferença com o seu entendimento dos factos e age...em consciência.

Nenhum partido de esquerda ou direita me convence nem as mulheres na politica ou na Assembleia ou Presidência mudam alguma coisa pela sua acção, que não é senão o compromisso com o poder patriarcal. As mulheres nesses cargos são apenas marionetas do patriarcado e das suas leis e agem como tal e não têm qualquer consciência de si como mulheres. Acredito porém que uma Mulher consciente de si possa ser diferente no meio em que exerça uma profissão desde que não seja aglutinada ao sistema...desde que não tenha de se vender e obedecer aos padrões dos regimes que a aprisionam enquanto mulher comum e agir em conforme.
Acredito que um mulher consciente pode ser melhor mãe e esposa ou filha e irmã, e amiga, não em função do homem exclusivamente nem das regras sociais mas da sua consciência apenas e a partir da sua liberdade interior...
Uma mulher consciente a este nível porém, penso, não se pode ou deve envolver em política...nem seguir as regras do patriarcado seja qual for o regime em causa. As ideologias marxistas e comunistas, ou a utopia feminista já chegou ao fim. A mulher não conquistou nem respeito nem dignidade...nem identidade própria - continua a não saber de si - apenas adquiriu liberdade sexual de ser igual ao homem e portanto quase sempre acaba por confundir promiscuidade com desejo; confundiu ainda a igualdade com salários e profissões "iguais" aos do homem e confundiu também que ir as guerras e ser policia... onde é violada e em casa morta a pancada é ter liberdade adquirida...
A mulher consciente de si...não reivindica nada...faz um percurso por si e em si pela "calada", garante de que não será atacada nem condicionada na sua liberdade de SER ELA; aprofunda o sentido da sua vida e busca compreender como foi vitima do Homem ao longo da História e dos séculos...e ainda o é, vitima de abuso do pai, do irmão, do marido ou do filho ou do amante, ou mesmo maltratada pela mãe. Isto não é tirar os homens da sua vida, nem condená-los ao descrédito como eles nos fizeram a nós...é só ter CONSCIÊNCIA DOS FACTOS! Não importa se é casada ou solteira ou divorciada ...essa consciência de si como Mulher só pode ser uma consciência psicológica profunda baseada na interiorização e no contacto com a sua psique e a sua alma. Não há consciência sem psique nem alma...sem essa ligação interior e profunda ao seu centro atómico. Lugar de onde emana a força e a coragem de ser...
A Consciência  de que falo não é portanto  nem política nem social, como tantas vezes se pretende...não tem nada a ver com uma ideologia nem com qualquer religião. A consciência é algo inerente ao ser humano quando este se busca a partir do seu interior e se encontra face a face com essa parte de si antes ignorada. Esta é a condição sine quo non do processo - mas acontece que muitas mulheres confundem ainda a consciência do feminino verdadeiro integral ou da mulher-total com a acção politica ou como uma causa que se põe em marcha...ou mesmo com a adopção de uma religião da deusa. Não.
O feminismo sequer nada tem a ver com o sagrado feminino que é o contacto com a parte sagrada da deusa em cada mulher e é uma revelação interior e nada tem a ver com "direitos e igualdades" à parida; é a ligação com a parte mais atávica e ancestral na mulher, com o seu universo intimo e profundo, o seu eterno feminino, e é através do contacto com essa parte de si que foi esquecida e obscurecida pela igreja e pelo homem para que a mulher não tivesse acesso a essa consciência do sagrado que lhe inerente e que é um poder em si mesma...que a mulher adquire essa Consciência do sagrado como mulher e como um todo - um ser abissal e das profundidades - e não a sua fragmentação em estereótipos, nem rever-se nas faces da deusa...
Tudo isto é importante ter em conta porque esta é no geral uma condição imperiosa para que a mulher se foque em si e deixe de ser apenas parcial mental ou intelectual...Sim, para saber de si e do que fala, ela precisa de ser inteira pois se trata de ouvir e sentir o seu coração inteligente que faz a síntese e não o cérebro e a razão...que divide e separa...
Voltarei ao tema, mas acho que este é ponto muito importante a considerar para que não haja mais confusões de qual é propósito do meu trabalho e de que poderemos dialogar em liberdade mas não ao nível das ideias e conceitos comuns sobre direitos e igualdades etc.. Aceitamos as diferenças mas não o desvio do nosso foco na mulher interior...e esse está bem para lá dessas questões...
(Seja como for e qual for o nível de entendimento de quem ler isto...esta não é uma leitura linear...)
rlp

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