O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, outubro 05, 2015

REZA BAIXINHO...



 
 
Nosso sonho morreu.
Devagarinho,
 Rezemos uma prece doce e triste
 Por alma desse sonho!
Vá… baixinho…
Por esse sonho, amor, que não existe!
Vamos encher-lhe o seu caixão dolente
De roxas violetas; triste cor!
 Triste como ele, nascido ao sol poente,
O nosso sonho… ai!… reza baixo… amor…
Foste tu que o mataste!
E foi sorrindo,
Foi sorrindo e cantando alegremente,
Que tu mataste o nosso sonho lindo!
Nosso sonho morreu…
Reza mansinho…
Ai, talvez que rezando, docemente,
O nosso sonho acorde… mais baixinho…
 
 
Florbela Espanca

UMA NOTA DISSONANTE...

Um poema impensável, estranho, talvez trágico, romântico e que já nada tem a ver com a realidade deste tempo...Há poemas eternos...creio, mas este é o poema da ilusão máxima do ser humano, da mulher principalmente, e do qual estamos cada vez mais longe...tanto homens como mulheres.
Ninguém mata o amor...porque este tipo de amor nasce já morto...porque é sempre projecção da fantasia de alguém acerca de outra pessoa - esta quimera que está quase a morrer face a uma nova era e a uma nova consciência do SER MULHER, é deveras estranho, embora o amor como um vírus seja sempre susceptivel de se propagar...

Rezemos pois..."uma prece doce e triste por alma desse sonho!  Vá… baixinho… Por esse sonho, amor, que não existe!" (O que nos mostra que a poetisa já sabia do "crime"... )
rlp

Sem comentários: