O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, fevereiro 08, 2016

A MULHER DIVIDIDA





A MULHER MODERNA NÃO SABE DE SI...

A mulher moderna não sabe nem sonha  como começou essa divisão e luta dentro de si mesma, não se lembra de como tudo começou…e por isso não tem consciência do seu ser enquanto Mulher Plena! Ela não sabe, não se lembra quem era e julga que é apenas esse subproduto que o Sistema fez dela mal nasce, condenada ser apenas uma função, de reprodutora e objecto de prazer…
Sim, ela não se lembra de todo como é que perdeu essa inteireza e essa alegria que surgia quando era menina, essa espontaneidade de adolescente, essa ânsia no coração que a despertava da letargia, não sabe e não se lembra de como aos poucos foi ficando calada pois foi obrigada a conter-se e foi assim perdendo essa sua parte instintiva, sensual, ardente e selvagem, a que corresponde a sua força e energia do útero; perdeu a sua alegria genuína e a capacidade de expressar o seu fogo...pois sempre que se  manifestava Menina e Mulher e se soltava e encantava pela sua beleza e magia era olhada com desprezo... logo  julgada pelo medo do papá e da mamã,  tão logo  reprimida como um mal provável, uma ameaça para a família ou para a sociedade não fosse ela rir assim na missa... E  deste modo a menina-mulher aprendeu cedo a reprimir-se, a esconder essa parte de si, essa parte de si mais profunda e autêntica, que olha hoje consciente ou inconscientemente como culpada, e fez tudo para poder ser o exemplo de “uma boa menina”, uma mulher respeitável, ao fazer o que o pai quer dela e  a mãe submissa  debaixo da pata da "protecção" do pai e ela ficar também como a mãe que a nega e odeia, e ela mesma a força  a cumprir o mesmo papel dela ao serviço do casamento, da família e do homem ou do estado...

Então o que fez a menina-mulher? Ela fez tudo o que lhe disseram e tudo de si deu... deu-se no corpo e no sexo, deu-se em esforço e em sacrifício, vazia, sem prazer, frígida, tentado ser o que dela esperavam o namorado e o marido ou o amante mais tarde o filho...mas não, nunca se pode  dar a ela mesma a ninguém porque ELA - ela a mulher verdadeira com a força da Natureza em si ou uma manifestação da Deusa, - não estava lá...
Não a mulher moderna não sabe dessa mulher,  não sabe onde está a sua menina nem a sua mulher ardente! Mesmo que um dia ela se tenha rebelado e fugido de casa ...e tenha lutado; sim ela lutou, lutou, lutou,  com espadas, martelos, foices e metralhadoras...mas foi engolida de novo pela Besta...
 

Então um dia, talvez, como contam todas as histórias das meninas perdidas na florestas ou comidas pelo lobo, amputadas das mãos ou das pernas por causa dos sapatinhos vermelhos... ela acorda  com a corda ao pescoço, violada ou com cancro da mama ou sem útero...e desaba...deixa de acreditar no sonho e aí sim, talvez então ela  renasça...
QUEM SABE? Quando do seu cansaço, da sua tristeza ou amargura, da sua raiva ou da sua nostalgia, ou pela idade ou por pela doença fatal e súbita ou pelo desgosto da perda completa da esperança …e se renda perante  tudo aquilo  que uma vida inteira não obteve e lhe prometeram: o reconhecimento do seu valor, da sua força, da sua coragem, da sua entrega, do seu sacrifício… e então sim, talvez ACORDE para ela mesma e renasça das cinzas como a Fénix...

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