O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, maio 05, 2016

O “dia da espiga” era também o “dia da hora”



“A Quinta-feira da Ascensão e o Dia da Espiga possuem um significado em comum a ESPERANÇA.
Na origem pagã dos rituais da natureza ela se traduz na esperança da
... abundância das colheitas após o adormecimento invernal, e em ambiente cristão é a esperança da salvação e da ressurreição.
Quer num ambiente quer noutro, perante esta comemoração assistimos à vitória da Vida sobre a Morte.
Para as tradições que conservam uma relação com os ritmos da natureza, e que harmonizam o nosso dia-a-dia profano com o carácter sagrado, se celebra uma das datas mais festivas do ano, o Dia da Espiga ou Quinta-feira da Espiga.
Em tempos era considerada como o dia mais santo do calendário, e observada em muitas regiões da Europa, principalmente Portugal, como uma paragem de todos os trabalhos equivalente ao domingo, acreditando-se que nele a própria natureza suspendia toda a sua atividade.
No Cancioneiro Popular Português pode ler-se: “se os passarinhos soubessem / Quando é dia d’Ascensão / Nem subiam ao seu ninho / Nem punham o pé no chão…”
Dia da Espiga é a versão dos antigos rituais de celebração da Primavera e consagração da natureza e das colheitas.
Apesar do contexto cristianizado, alguns costumes difundidos por toda a Europa ainda revestem este antiquíssimo cunho agrícola, como a bênção de cereais e uvas que por vezes decorre durante a missa, ou a bênção dos “primeiros frutos” hoje efetuada nos três dias que antecedem a Ascensão.
Estes gestos recordam o carácter mágico desta época, quando em toda a parte se assistia à manifestação da vida vegetal e animal após a letargia do frio do inverno.
O Dia da Espiga reproduz também outra tradição nacional, com a colocação de flores amarelas nas portas e janelas das casas, como forma de receber e celebrar a fertilidade da natureza e esconjurar o mal.
Faz-se um ramo, que deve ser colocado todos os anos por detrás da porta de entrada, ou sobre a chaminé da cozinha, de forma a proteger o lar (também simbolizado pelo fogo doméstico) e a trazer-lhe abundância. Por vezes guardava-se junto do ramo uma fatia ou um pequeno pão, para garantir que este não faltaria.
A “natureza suspensa” está também presente na antiga crença da Hora, (O “dia da espiga” era também o “dia da hora”)
Era chamado o dia da hora porque havia uma hora, o meio-dia, em que tudo parava, “as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha, o pão não leveda e as folhas se cruzam”.
Este era o momento ideal para a colheita do ramo, composto por espigas, malmequeres brancos e amarelos, papoilas, ramos de oliveira, folhas de videira e alecrim.
As espigas simbolizam o pão, que se desejava abundante durante todo o ano; a videira representa o vinho, ao mesmo tempo “sangue de Cristo” e fonte de alegria para o camponês; os malmequeres são o ouro e a prata; as papoilas evocam a cor do sangue, e representam o amor, a vida e a fertilidade; o azeite “que tempera e alumia” é também símbolo da paz e Luz; e o alecrim, erva usada para defumar as casas e os doentes, dá saúde e afasta as influências maléficas.”
Ressoa no fim de tudo isto a ESPERANÇA...possamos navegar nessa Mar sem amarras.
Para que a Vida seja em cada flor ou fruto, um Hino à Libertação, quebrando a suspensão das “horas”, e, raiando em cada Ser a sua Total RESSURREIÇÂO CONSCIENTE.


Ana Sabas

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