O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, outubro 04, 2016

ÀS VEZES FICO A PENSAR...




MULHERES CONSCIENTES DE SI?
Há muito poucas...

Eu fico muitas vezes a pensar nas mulheres com vidas tão complicadas,  prisioneiras de tudo, todas presas de uma situação social e económica precária ou sem recursos, presas dos maridos e dos filhos ou de um emprego, penso nas mulher pobres, penso nas mulheres sozinhas que carregam filhos sem pai, nas solteiras nas divorciadas, nas viúvas  e nas casadas - nas sem abrigo...nas drogadas e nas prostitutas de rua e de luxo...
Este Sistema,  esta sociedade hipócrita não vê essas mulheres, nem as mulheres se veem umas às outras, tão divididas estão que nem se apercebem dessa realidade...

Penso e pergunto, que saída é que elas têm, sobretudo as mais jovens?

Como conciliar a sua liberdade, os seus desejos, a sua sensualidade... com as situações de vida que têm, podendo ser casadas, tendo filhos menores ou estarem em situações de carência económica, de repressão social ou psicológica...tudo isso é muito muito difícil de gerir. E eu pergunto-me como é que as mulheres poderão fazer este trabalho de consciência consigo mesmas sem liberdade e sem verdadeiras opções? Sim, talvez com a idade...com o tempo, quero acreditar...
Aqui penso nas mulheres velhas, mas ainda que saída têm senão ficar a espera da morte e cuidar dos netos? Não há lugares para as mulheres...a não ser lares e hospitais...
Porque são as mulheres tão castigadas e sofridas, perseguidas e sempre sujeitas a todo o tipo de punição directa ou indirecta dos homens em guerra ou em convulsão, no Irão ou na América, no Brasil ou na Europa. O porquê desta espécie de condenação da mulher, sempre sujeita  à subalternidade (ainda embora cada vez mais subtil ou inconsciente) dos pais e maridos e depois aos filhos, da policia dos políticos e dos juízes...esta prisão psicológica e emocional que sempre foi o casamento e o marido e os filhos, primeiro como ideal ou sonho, depois um carcere, que perdura através das décadas, e que acaba sempre por ser uma responsabilidade que pesa e limita a mulher nos seus anseios e vontades, sobretudo quando o amor acaba...
Por mim tenho de continuar a acreditar que é possível mudar isso, pelo menos na forma de evitar um sofrimento maior e a dor de não se saber o porquê disto tudo.
Mas olho a volta e pergunto: têm a solução as mulheres livres que se julgam emancipadas e têm a independência de uma profissão bem paga, como afirmam as intelectuais e talvez as feministas? O cenário muda, sim, é um facto, mas não o seu drama interior, a sua luta o seu conflito de valores, embora no exterior pareçam realizadas...e sim admito que dentro desse grupo de mulheres sei que algumas  já começam a fazer algo de diferente mas poucas conseguem conciliar o trabalho, a casa, a sua profissão e a sua individualidade, mas estas mulheres são heroicas e esgotam-se nessa luta...até onde conseguirão ir?
Por outro lado todas estas mulheres que supostamente agora abordam e se fazem passar por "deusas"...do "feminino sagrado" estarão de facto conscientes de si mesmas e desta luta, da sua cisão interior ou...apenas se se afogam e "drogam" numa esperança mítica qualquer do passado e sonham voltar ao matriarcado?
A verdade é que há muito poucas mulheres integradas em todos os sentidos, ou conscientes de si...seja nesta realidade em que vivemos, dentro do sistema, como é fácil de constatar, quer as que se dedicam a causas apregoadas supostamente fora do sistema e que sejam verdadeiras - no sentido de se saberem e entenderem já na sua divisão, e portanto nos seus complexos e cristalizações, nas suas frustrações e dores, com trabalho feito com a sua sombra, livres de tabus e preconceitos milenares em que as religiões deixaram as marcas ainda visíveis...
Afinal...elas apenas mudam de cenário e talvez de crenças, mas tudo se resume ao folclore...a fazer rodas a  cantar e dançar à Lua...a fazer propaganda...a exibirem-se mas sempre umas contras outras a odiar a outra mulher, a ofender ou a destruir a rival...Esta velha rivalidade feminina, o veneno que as marca à nascença e as divide em duas espécies de mulheres, agora muitas faces de deusas...intriguistas e malévolas, umas boas, outras más, outras castas e outras possessas - não, as mulheres sem se curarem nunca vão além do ódio umas às outras... o que se verá mais tarde ou mais cedo...
E vejo como ainda a grande maioria cai nisto sejam as das alternativas sejam as do "sagrado feminino" que vivem como sendo apenas  uma festa ou uma distracção...ou um negócio rentável também, uma forma de afirmação e de "saberes" ancestrais (ah as mezinhas e as "terapias" - os feitiços e as macumbas e as rivalidade e enredos das mulheres, como dão lucro nessas feiras de egos e vaidades) e tudo não passa de uma fuga à sua realidade dolorosa, mas na verdade vejo muito poucas mulheres SINCERAS E DEDICADAS, conscientes de si e capazes de um trabalho sério consigo mesmas - e que respeitem as outras mulheres e ai é que está a diferença.

QUEM QUER OLHAR E VER A REALIDADE, a sua realidade e a partir daí começar o trabalho a sério de se encontrar a si mesma e fazer a diferença?
rlp

4 comentários:

Anónimo disse...

Querida Rosa, essas mulheres estão apenas a atender ao chamad$$$, estão ao serviç$$$. Enquanto a Mãe "der" e estiver "na moda" continuará a ser apropriada e conspurcada naturalmente. Como qualquer moda, passará, e essas figuras do "sagrado" feminino, como boas negociantes do sagrado que são, irão certamente ouvir um qualquer outro chamad$. Teremos então "novas" "terapias" certamente muito, especiais, com o aval directo/selo de aprovação de uma qualquer entidade superior/deusa/arcanjo. Parece ficção...

Tirando a ironia... Tudo neste "movimento" é tão oportunista e falso que simplesmente não entendo... Entendo que mulheres vulneráveis, ou atravessar periodos conturbados ou solitários das suas vidas, percam o discernimento e caiam nesta teia de enganos, entendo que as mulheres se procurem e queiram estar juntas, mas é preferível estar sozinha a pertencer a, e compactuar com o que tenho observado...

Sónia

Ná M. disse...

"Como conciliar a sua liberdade, os seus desejos, a sua sensualidade... com as situações de vida que têm, podendo ser casadas, tendo filhos menores ou estarem em situações de carência económica, de repressão social ou psicológica...tudo isso é muito muito difícil de gerir. E eu pergunto-me como é que as mulheres poderão fazer este trabalho de consciência consigo mesmas sem liberdade e sem verdadeiras opções? Sim, talvez com a idade...com o tempo, quero acreditar "

OH ROSA GRATIDAO

rosaleonor disse...

Concordo e partilho da sua opinião...sem duvida que é assim que quase tudo se passa - ganhar dinheiro ou protagonismo é o principal. Mas confiemos que entre tanta mentira alguma cosia escape a este mercado...
Grande beijinho e obrigada pelo seu comentário...é precioso. às vezes querem-me convencer que exagero, mas também sei ver que há mulheres honestas e que escapam a estes esquemas.

rlp

Anónimo disse...

Não exagera. É crucial manter o sentido crítico neste período, sobretudo quando o joio se vende a si póprio como sendo trigo... Penso que quem teve contacto com a espiritualidade antes da "era produtos e serviços" tem outra perspectiva e não cai tão facilmente na argumentação manipuladora de quem faz do que é de todas um negócio, uma plataforma para exaltação do ego, etc.


Um beijinho grande

Sónia