O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, novembro 05, 2016

NIKI DE SAINT PHALLE



"Nascida na França em 1930 e criada em Nova York, Niki de Saint Phalle ficou verdadeiramente conhecida como uma das artistas internacionais que se destacaram pela sua irreverência e engajamento feminista.

Niki começou sua carreira profissional trabalhando como manequim com fotos na Vogue e Harper’s Bazaar.  O sucesso e o dinheiro não trouxeram equilibrio emocional, pelo contrario, Niki tinha frequentemente crises depressivas, sendo internada em um hospital psiquiátrico de Nice e diagnosticada como esquizofrênica. Lá sofreu uma série de tratamentos com choques elétricos. Foi neste momento de internação que Niki começou a pintar.


Por via da arte, ela começou a expressar todas as suas emoções. A paixão, o ódio, a raiva… Sim, Niki tinha um turbilhão de sentimentos dentro dela. Abusada sexualmente na infãncia pelo próprio pai, a artista precisava colocar muita coisa para fora, começava ali um dos trabalhos mais relevantes na vida da artista. Eram as pinturas chamadas “Tiros”.
Por via da arte, ela começou a expressar todas as suas emoções. A paixão, o ódio, a raiva… Sim, Niki tinha um turbilhão de sentimentos dentro dela. Abusada sexualmente na infãncia pelo próprio pai, a artista precisava colocar muita coisa para fora, começava ali um dos trabalhos mais relevantes na vida da artista. Eram as pinturas chamadas “Tiros”.

Com sua carabina de cano longo calibre 22, disparava contra objetos cuidadosamente escolhidos, grudados em uma tela branca e cobertos por uma camada de gesso que tinha em seu interior sacos de plástico repletos de tinta. O impacto dos projéteis liberava as cores e criava a obra instantânea. Era um trabalho violento performático e impactante. “Imaginava a pintura se pondo a sangrar. Era como se fosse uma pessoa com sentimentos e sensações” Veja mais sobre esses “Tiros”

Bingo !! Foi sucesso! A performance chamou a atenção dos grandes nomes do mundo artístico da época e Niki foi convidada como única mulher a integrar o grupo dos novos realistas.
Após os tiros ela se dedicou a esculpir “grandes criaturas à glória da mulher”. Em 1966, apresentou em Estocolmo, na Suécia, sua monumental “deusa pagã da fertilidade”.

Um corpo feminino com 28 metros de comprimento, seis de altura e nove de largura, pesando seis toneladas. A escultura abrigava no seio direito um planetário, e no outro, um milk-bar equipado com um triturador de garrafas de Coca-Cola; no braço esquerdo foi instalado um cinema que projetava o primeiro filme de Greta Garbo; em uma das pernas, as crianças podiam brincar de tobogã, e a vagina foi desenhada como a porta de entrada. Em três meses, cerca de cem mil visitantes formaram filas para penetrar no que foi chamado de “a maior puta do mundo”.

Depois vieram um milhão de lindas mulheres. As chamadas Nanás (que em francês quer dizer, moças) grandes bonecas coloridas. Sempre imensas, volumosas, representando as mulheres se colocando na sociedade, valorizadas, lindas e imponentes! Feitas de lã, fibra de algodão, papel machê e tela de arame, Viraram a sua marca registrada!

Seu grande choque artístico ocorreu na visita ao parque Güell, projetado por Gaudí (1852-1926), em Barcelona. “No parque Güell, senti calafrios, raios. Tremia por tudo. Naquele dia, meu destino estava claro. Sabia que um dia também faria, do meu jeito, um jardim de felicidade”, disse numa entrevista. Este sonho se realizou 17 anos mais tarde quando uma amiga Marella Caracciolo, que era proprietária de muitos terrenos na Toscana, lhe ofereceu um pedaço das terras para que ela realizasse seu próprio mundo encantado.(...) "

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