O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, novembro 03, 2016

UMA NOTA




UMA NOTA IMPORTANTE

Algumas mulheres que me leem há anos e que seguem o meu blog ainda, poderão ficar surpreendidas e pensar que eu agora contradigo o que escrevi durante anos - como se estivesse a negar aquilo porque lutei durante mais de duas décadas através de tudo o que escrevo aqui e dos meus livros posteriormente...Coisas que eu digo agora que vos pode parecer como uma negação dos Círculos de Mulheres e do Feminino Sagrado e até daquilo que para mim era a urgência de saber e conhecer a história do nosso passado, assim como das deusas e principalmente do Culto da Grande Mãe na Terra.
Quando comecei este Blog não  havia quase  ninguém a divulgar ou a interessar-se por este tema...e ele era olhado com toda a desconfiança e descrédito. Comecei aos poucos a ter algum eco de mulheres interessadas vindo do Brasil...onde  esses círculos e grupos começaram a  aparecer, havendo já largos  testemunhos de Avalon e de mulheres inglesas e escritoras  e também americanas à frente desses grupos e que fizeram  história e são hoje  referência dentro deste universo da Mulher e do Sagrado FEMININO. Em Portugal porém não havia nada. Tirando uma escritora ou outra dentro de uma Mística Mariana ou de grupos esotéricos não havia nada que desse voz às mulheres neste âmbito do sagrado feminino nem da Mulher Primordial.
Neste últimos anos apareceram alguns  grupos de mulheres também em Portugal e que começaram a crescer e agora, podia dizer, proliferam por todo o lado;  para todos os efeitos eu deveria estar muito contente com esse facto, e estava, mas infelizmente  tenho vindo a verificar que muitos deles  não passam de meras imitações  sem profundidade nem seriedade alguma da parte das mulheres que se aproveitam apenas do dito "feminino sagrado" - que se tornou uma espécie de mercado - para ganhar fama e dinheiro assim como terem domínio  sobre as outras mulheres e isso acontece tanto cá como no Brasil. E é  aqui que eu me demarco e me afasto desses círculos por ver como eles são aproveitados, tal como o movimento new age, pelo patriarcado (promovendo dogmas, tabus e credos) para enganar e desviar mais uma vez as mulheres do seu verdadeiro feminino.  Não nego portanto a importância da Deusa nem do Sagrado feminino,  mas apenas  vejo como os ditos grupos do "Feminino Sagrado" são aproveitados para ao fim e ao cabo alienar as próprias mulheres de si mesmas, prendendo-as a novos-velhos  conceitos e preconceitos restringindo a sua liberdade. 

Não, eu não nego nada do que escrevi e sonhei da essência da mulher  e da deusa, nem mudei a minha fidelidade ao espírito e alma dentro do que para mim é a Busca do Feminino Sagrado nem no que concerne a Grande Mãe e o seu culto ancestral. Por isso deixo-vos de forma clara e veemente este  HINO A SHAMAIN SEJA ELE UTOPIA OU SONHO, PRECISAMOS DE VOLTAR À MATER COMO MATRIZ

É preciso e urgente  UM RETORNO À Mãe Natureza e devolver a verdadeira natureza à Mulher!
É preciso voltar a amar a Natureza Mãe e a respeitá-la como Um ser vivo e consciente, voltar a viver em contacto com a Terra e cultivá-la, deitar de novo sementes à Terra e ver crescer as plantas, os legumes, as árvores,  voltar a plantar toda a flora destruída pela mão criminosa do homem e a suas guerras económicas, porque é disso que se trata…
Esta é a única maneira de voltar a fazer viver a Deusa Mãe na Terra e nos nossos corações, plantando e semeando a Terra Sagrada, dar vida renovada ao solo queimado... e predado pelo Homem.
As máquinas tiraram-nos a relação com a Terra e o pão…produzir, consumir e morrer foi aquilo a que o Homem chamou progresso e às máquinas evolução e quanto mais inventou máquinas mais se afastou da sua natureza, mais sofreu de "posse" (de escravos e terras e mulheres) mais criou ÓDIOS E GUERRAS, mais se alienou da verdadeira vida e do seu feminino criador e da Mãe, da sua função primordial e da dádiva.
Voltemos   ao campo, às aldeias, à natureza, ao mar…Deixemos a cidade e vivamos da terra entre os animais e as árvores, os rios e as aves e tudo o que existe e se manifesta sem a mão mortífera do homem… p
ara que voltem as mulheres cada vez mais a ser as parteiras, e a educar os filhos, a tecer a sua roupa, a fazer a comida com as sua mãos, a amar como sempre fizeram as nossas ancestrais. Voltem as mulheres a reunir como curandeiras, a apanhar plantas sagradas e a curar as almas de tanta dor…voltem as mulheres e homens a ceifar e a colher o trigo da terra, rindo felizes como companheiros aprendendo de novo a amarem-se e respeitarem-se como iguais.

RLP

2 comentários:

Anónimo disse...

É MUITO importante "separar as águas". O que a Rosa observou, eu também observei e outras mulheres também terão observado, certamente. Não há nenhuma tradição genuína, ideia ou forma de pensamento que a new age não aproprie, distorça, regurgite e venda. A moda de hoje é o xamanismo de plástico e o sagrado feminino de plástico, depois destes esgotarem teremos uma outra moda qualquer...

Numa época em que clareza e sanidade são mais necessárias do que nunca, temos uma espécie de delírio em grupo, quem sabe numa tentativa de escape, mas um escape para lugar nenhum pois quantas mulheres não terão ficado com mais problemas do que os que tinham originalmente, depois das "curas" e das "terapias"?...

Sónia



rosaleonor disse...

Muito obrigada pelo seu lucido comentário - pois é precisamente ai que está um novo perigo e as mulheres a grande maioria entra na "Roda" e nem dá por nada e temos mulheres sem qualquer consciência a liderar grupos e "formar" mulheres nesses grupos de plástico para ensinarem e formarem outros grupos onde a alienação e a superficialidade reinam em euforia e estupidez tantas vezes.
vou salientar mais uma vez o seu precioso comentário...

rlp