O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, dezembro 06, 2017

A CONSCIÊNCIA DA CONSCIÊNCIA


"AGIR EM SUA ALMA E CONSCIÊNCIA

A consciência não é o pensamento, porque quando estamos a pensar, não estamos na consciência. Ela não é nem a compreensão nem a análise: analisar e compreender não significa que automaticamente se tenha consciência. Não podemos aceder à consciência  nem pela raciocínio nem por comparação nem por dedução.
Um pensamento comunica-se ou transmite-se.
A consciência partilha-se, sendo um estado único para cada um@ de nós ela está para além do pensamento e da compreensão. Numa palavra, é um estado que nada tem de comum com o caminho mental: a consciência é, existe fora do tempo e do espaço.
Entre os reinos sucessivos da evolução na terra, o ser humano é o único a ter a possibilidade de aceder a este grau do ser. É ao mesmo tempo o seu privilégio e o seu fim."*


A Consciência de que falo não é portanto aquela consciência de que toda a gente  fala quando se diz de uma pessoa que ela não tem consciência disto e daquilo ou que tem uma grande consciência política e social, como é vulgar dizer-se...

A consciência em si e de si como ser ciente é algo que  todo o ser humano busca a partir do seu interior, passando pelo seu psiquismo, a partir das suas emoções e para isso precisa de se encontrar  face a face com essa parte de si antes ignorada, as coisas ocultas ou recalcadas na sua psique, as mágoas e as suas feridas, retidas na chamada Sombra e não só. É preciso ter uma grande percepção e introspecção de si como condição sine quo non do desenvolvimento pessoal e passar por todo o  processo interior, para chegar a uma verdadeira Consciência de si como individuo. Isto é válido para todos os seres humanos.  
 No caso das mulheres, que é o objectivo da minha escrita,  muitas confundem ainda a dita consciência do feminino com uma mera "consciência" de factos exteriores da vida, acontecimentos seja a que  nível for seja acerca  da história, da ciência ou da politica ou de um problema pessoal, a partir de um saber intelectual ou então quando julgam que e se sentem "realizadas" por ter uma profissão que gostam ou se entregarem a uma causa social... ou fazendo um voluntariado qualquer  ou até mesmo  ao  adoptar  uma religião, seja  da deusa, seja uma prática xamânica ou outra.  Nada disso tem a ver com a Consciência do feminino. Porque essa consciência passa por uma consciencialização de si em profundidade do Ser Mulher e o ter acesso como dizia a todos os aspectos os mais complexos do sentir essa mulher...
A Consciência de si de que eu falo, e neste caso referindo-me apenas à mulher, passa por uma consciência psicológica, mas que vai além dela, é mais uma metafisica  do ser mulher completamente alienada e esquecida pela mulher moderna e nada tem a ver com a psicologia de pacotilha do bem e do mal, da moral - da tríade: vitima carrasco e salvador (o psicólogo o terapeuta ou o médico) nem com uma ideologia ou crença ou fé em qualquer religião patriarcal.
Só a mulher que entra em contacto com o seu ser abissal e das profundidades, e passa por um feminino verdadeiro ou integral - aquilo que eu chamo a mulher-total, a mulher que integra as suas partes divididas e deixa de sofrer a sua cisão... ao contrário desta mulher moderna, que vive dividida embora seja culta e dita emancipada, é apenas uma mulher de superfície, racional,  pode atingir o seu centro, ao contrário dessa mulher fragmentada em estereótipos e mental,  que  vive de ideias e conceitos e filosofias porventura muito nobres, sejam as patriarcais sejam ainda as faces multifacetadas de uma deusa Héstia (ou aquela) ou uma Afrodite, dominadas por Zeus lá no seu Olimpo, tal como qualquer outro deus macho que governa o mundo...
 A mulher moderna e feminista não é mais do que o fruto desse esquecimento de si e dessa mulher atávica que sofreu a alienação do seu eu profundo e por mais culta que seja, por mais intelectual que possa ser, ela está alienada da sua essência e vive a pensar que ela é o que os homens disseram ou pintaram dela...
O feminismo marxista e redutor da mulher ontológica nada tem a ver com a mulher em si ou o sagrado feminino que é o contacto com essa parte sagrada da Deusa em cada mulher e é uma revelação interior que por sua vez não depende de ser culta ou ignorante nem dos "direitos e igualdades" adquiridos à partida, mas que estão cada dia mais a ser destruídos... Essa consciência de si como mulher é algo  que qualquer mulher pode  alcançar seja qual for a sua circunstância de vida, porque se  trata de uma ligação natural com a parte mais atávica da mulher ancestral em si, com o seu universo mais intimo e profundo, o seu eterno feminino, que é acessível a todas as mulheres.

A mulher só se encontra através do contacto com essa parte de si, essa parte que foi esquecida e apagada pela igreja e pelo Poder do Pater para que ela precisamente não tivesse acesso a essa consciência do sagrado em si  e despertar para essa consciência de si que é inata, que lhe é inerente e que lhe dá um poder imenso sobre o homem logo a partida seja como mãe seja como amante ...

Há para além dessa consciência comum que não é pensamento nem ideia uma consciência inerente ao ser feminino e que é inato. E só acedendo a essa Consciência do Feminino integral, unindo as duas mulheres divididas,  a mulher pode aceder a essa outra consciência que é intemporal..
Se vocês pensam que é discutindo dramas e temas e ideias e problemas actuais da mulher, problemas sociais e políticos e medidas e leis,  que vão dar liberdade à mulher ..., tem toda a liberdade de escolher esse caminho, mas esqueçam a Mulher integral, a Mulher intemporal e essa Consciência primordial.
rlp
* L'  Emprente de Naissance - Jean Philippe Brebion

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